Tem vampiros no meu jardim.


Quando menina eu assistia os filmes de terror que passavam na TV, e a maioria deles era sobre ataques de insetos ou animais, tais como: “A invasão das abelhas assassinas”, “Gafanhotos devoradores”, “Formigas assassinas”, “Ratos radioativos”, “Baratas do mal”... Era uma lista enorme de filmes onde insetos aparentemente inofensivos transformavam-se em devoradores de plantações e de gente. 

O problema é que nos últimos anos estes insetos repugnantes perderam o emprego para zumbis, vampiros e alienígenas comedores de gente.  Nos atuais filmes de terror sempre tem um zumbi ou um vampiro à espreita para “dar o bote” em um humano desavisado. Ou então são astronautas que vão para o espaço e acabam sendo perseguidos por alienígenas assassinos.

Já tem algum tempo que tenho observado algo diferente. Os insetos que perderam o emprego para os zumbis e vampiros resolveram se mudar para o meu quintal. Estão todos aqui com cara de entediados recebendo salário desemprego.

Antigamente havia um código de honra entre o homem e o inseto. Podíamos  deixar janelas e portas das casas abertas até o final da tarde que eles não entrariam. E também podíamos ficar pelos quintais durante o dia todo sem sermos incomodados, mas ao findar a tarde e o cair da noite se não quiséssemos ser picados pelos insetos deveríamos fechar as portas e janelas. À noite, ao sair para o quintal era necessário proteger-se com roupas e/ou repelentes. 

Infelizmente este acordo acabou. Não há mais hora para ser picado por toda sorte de insetos. De todos os tamanhos, cores e ferrões... São vinte e quatro horas sem trégua, sem perdão. Não te respeitam nem quando precisa daquele momento de solidão e meditação “no banheiro”.

Outro dia entrei no lavabo e havia seis pernilongos. Peguei um “SBP” e espirrei na direção deles. Quando a nuvem de veneno baixou eu vi os seis pernilongos dando gargalhadas e um deles ainda levantou uma das asinhas pedindo para eu espirrar mais um pouquinho. Veneno virou água de colônia.

E na piscina? Não há cloro suficiente para combater esses chupadores de sangue alheio. Em outros tempos, no inverno, colocávamos uma medida de cloro a cada três dias e no verão duas medidas para cada dois dias. E a água estava livre de insetos. Estava...

Agora a coisa ficou difícil, esta semana precisei colocar quatro medidas e mesmo assim presenciei bichinhos nadando de peito, de costas, até mesmo dando saltos ornamentais. Teve um safado que ousou perguntar a que horas chegariam as visitas para o almoço, pois ele estava enjoado da comida da casa e queria novidades.

À noite não se tem mais privacidade, você vai tomar um banho e precisa dividir o chuveiro com os meliantes. Para escovar os dentes é preciso pedir licença. E dormir então? Bastou deixar o quarto escuro para que comecem a serenata enquanto dão pequenos goles do seu sangue.Além dos pernilongos assassinos também tenho recebido visitas de outro inseto desempregado o “barata voadora”. 

Ninguém mais faz filmes com baratas assassinas, a não ser que sejam baratas zumbis ou baratas vampiras. Elas também dependem do bolsa alimento e do salário desemprego. E acabam batendo na nossa porta em busca de um pão seco pra matar a fome.

Dias atrás eu estava preguiçosamente refestelada no sofá vendo um filminho e bebendo um vinho quando olhei para a parede e vi algo escuro se movendo. Imediatamente dei um pulo de ninja e fui pegar o “aerosol mata barata”. Espirrada para um lado, barata pro outro e eu acabei refugiada no quarto enquanto a barata correu para debaixo do sofá. 

Na noite seguinte estava conversando na varanda quando me mostraram uma barata na parede... Eu estava me preparando para correr quando ela levantou voo e sumiu na escuridão do quintal.

E a cada dia percebo um novo tipo de inseto que pica dolorido acampado em meu jardim. Tem para todos os gostos e tipos de sangue.

Eu aí eu pergunto? Será o preço por não colocar veneno nas plantas do meu jardim? Será que estamos sendo invadidos por insetos mutantes que são imunes aos venenos que vendem nos supermercados?  Ou será que esses insetos sanguinários estão aproveitando loucamente antes que o mundo acabe?

Eu só sei que estou me sentindo a própria heroína do Resident Evil. 





Comentários

  1. Helo, com certeza é a invasão insetos, eles não deixam mais ninguém, gostei muito da sua colocação. são verdeiros vampiros.

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    1. Com certeza. Essa meninada sonha com vampiros e zumbis. Acho que vou abrir as portas de casa e cobrar ingressos para essa turma ser chupada pelos vampirinhos alados.

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  2. Vc. já pensou em detetizar sua casa rsrsrsrsrsrsrs .... as vezes essas comodidades da vida moderna resolvem!?

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    1. Pois é amigo anônimo. Eu normalmente faço uso destes serviços, recentemente contratei uma empresa para tal serviço, inclusive focando nos cupins, mas fica difícil a briga quando você mora numa região que era rodeada de mata e pequenas chácaras, e depois do Rodoanel tudo virou galpões de empresas de logística e condomínios de casas ou de empresas. Não são apenas os insetos que invadiram os quintais, mas animais silvestres também. Já presenciei casal de tucanos comendo pitangas e esquilo querendo entrar na casa... É o preço da ocupação. O preço do "progresso".

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  3. Você, sua imaginação e seus contos. Legal levar com humor o dia a dia da vida real, brincar com as circunstâncias. Fica tranquila, estes insetos não são vampiros nem monstros assassinos, nada que um mata mosca ou um ventilador não espante.

    Já pensou em escrever um livro?

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    1. É querido amigo anônimo, estou pensando em acoplar um ventilador na cintura. Quanto a escrever um livro... Já tive filhos, plantei árvores e só falta escrever um livro. Quem sabe?

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