tag:blogger.com,1999:blog-49633871506776942552024-03-05T20:44:24.447-08:00Quem conta um conto...Aqui você encontrará histórias para rir e se emocionar, aventuras vividas em viagens, lembranças de infância, ficção e realidade misturadas. Textos despreocupados, escritos com leveza e alegria, apenas com o compromisso de entreter e divertir o leitor. Aproveite.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.comBlogger37125tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-48916468649827933762017-07-27T10:13:00.000-07:002017-08-04T11:33:49.082-07:00<h2>
<b style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="color: #666666;">O diagnóstico.</span></b></h2>
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Primeiro ela gritou, gemeu, e ninguém se importou.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E por alguns dias ela continuou com seu choro agonizante</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sem qualquer sucesso se calou. </span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E quando olho para ela percebo que está toda molhada.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Eu a enxugo e limpo com todo o cuidado.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Passado algum tempo ela está novamente molhada. Fez xixi de novo?</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sim. Não dava mais para esperar. Estava com incontinência urinária.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ontem, após a consulta, veio o resultado: entupimento de veia. </span><span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Felizmente o médico... ops... acho que me empolguei.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O técnico virá amanhã instalar o kit com um novo dreno, e assim dar uma sobrevida à minha boa e velha geladeira.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">----------------------------------------------------------------------------</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-10939207631103057922014-10-08T19:38:00.001-07:002017-04-12T13:25:53.772-07:00A enfermeira e a “Mulher dos Gatos”.<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Havia uma enfermeira que morava numa rua sem saída. Vestida em um uniforme impecavelmente limpo, branco
como seu sorriso largo, ela saía todos os dias de madrugada para trabalhar num grande hospital.
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Havia uma mulher que morava numa outra rua, que não era sem
saída, mas bem próxima desta. Todos a conheciam como a “Mulher dos Gatos”.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNwWI76Ez9juamZUOSMHYuW_eSRDy37CEAcig0LcIcUnMQ5XL_Gfq9u7xoKAOK_A0YVh0ZnQaI5XchVnRNKLK4_TTyw8UcqW9YmoO5ujkifwzOzoLegFr2bhspFxS-mFB6DIUngi4VeFMF/s1600/Gatas.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNwWI76Ez9juamZUOSMHYuW_eSRDy37CEAcig0LcIcUnMQ5XL_Gfq9u7xoKAOK_A0YVh0ZnQaI5XchVnRNKLK4_TTyw8UcqW9YmoO5ujkifwzOzoLegFr2bhspFxS-mFB6DIUngi4VeFMF/s320/Gatas.png" width="320" /></a><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A “Mulher dos Gatos” perambulava pelas ruas, arqueada com o
peso das sacolas que carregava em suas mãos. Às vezes ela caminhava apressada, noutras
ia bem devagar. Olhava por todos os cantos como se procurasse por algo ou
alguém. Falava sozinha e fazia ruídos. Uma mulher estranha. Assustadora para as
crianças menores, pois havia todo um folclore sobre a vida desta mulher. O que ela fazia afinal? Quem era ela? Seria uma bruxa? </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> A imaginação da
criançada na rua sem saída e vizinhança
fervilhava. Os menores tinham medo da “Mulher dos Gatos”, pois sempre que
desobedeciam à suas mães elas diziam: - Se fizer isso de novo eu vou pedir pra “Mulher
dos Gatos</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">”</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> te levar. As pobres crianças estavam sempre correndo perigo. Ou era a "Mulher dos Gatos" ou o "Homem do Saco" ou o famoso "chinelo na bunda". As mães sabiam mesmo usar a tal "psicologia infantil".</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já entre a criançada mais velha circulava a lenda de que a
“Mulher dos Gatos” andava sem calcinhas. Será?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando a “Mulher dos
Gatos” circulava pelas ruas do bairro a meninada alvoroçada espichava os olhos para
ver se ela realmente estava sem calcinhas. Só que tinham tanto medo da velha
senhora que ficavam de longe a espiar e cochichar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Certo dia, a enfermeira de sorriso largo estava em sua casa
a descansar quando bateram à porta. Era alguém que viera pedir ajuda para um
doente. A enfermeira rapidamente pegou seus apetrechos de enfermagem e foi ter
com o doente.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando a enfermeira chegou ao portão da casa foi recebida
por dezenas de gatos que miavam em coro. Havia gatos de todos os tamanhos e
cores, filhotes, adultos e velhos. Gatos
no muro. Gatos no telhado. Eram gatos
para todos os lados. A enfermeira caminhava com cuidado, olhando para o chão
temendo pisar em algum felino.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao entrar na casa a enfermeira de sorriso largo encontrou a “Mulher
dos Gatos” ardendo em febre. Na cama com
a mulher havia gatos de todos os tamanhos e cores, espichados e encolhidos,
pelos longos e pelos curtos. Eles estavam sentados, deitados em cadeiras, sofás, janelas, mesas, armários,
pendurados em lustres, escondidos em caixas e latas. Todos os espaços eram ocupados por gatos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A enfermeira de sorriso largo gentilmente cuidou da “Mulher dos Gatos”,
por muitos dias, com paciência e carinho, até ela ficar boa e se levantar da
cama para cuidar dos felinos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A gentil senhora amava os animais e dedicou a sua vida a alimentar gatinhos abandonados. Era uma mulher caridosa que abrigava animais que ninguém mais queria. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Certo dia, a enfermeira de sorriso largo estava em sua casa
a descansar quando bateram à sua porta. Era a “Mulher dos Gatos”. E trazia em suas mãos uma enorme e cheirosa
torta. Foi o modo que encontrou de agradecer o carinho e dedicação da enfermeira.
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A enfermeira de sorriso largo, um pouco constrangida,
aceitou a torta. E a “Mulher dos Gatos” foi embora feliz enquanto a enfermeira
olhava para aquela enorme torta em suas mãos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Então, a enfermeira criou coragem e resolveu experimentar a
enorme e cheirosa torta. E ao cortar uma generosa fatia da torta, ela viu pelos
de gatos, longos e curtos e de todas as cores no recheio da torta. Só faltou a torta miar. E você? Quer
um pedacinho de torta da “Mulher dos Gatos”?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Saiba você que esta história é pura ficção e qualquer
coincidência é mera semelhança. Ou qualquer semelhança é mera coincidência?</span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Um agradecimento especial à Amélia (Zame), Berenice (Bici do nariz vermelho) e Côco (nariz rosa) que gentilmente cederam suas imagens para ilustrar meu texto. Obrigada gatinhas.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-42381877662189812462014-09-26T13:18:00.000-07:002017-08-08T16:33:16.134-07:00A minha mãe não morreu.<div class="MsoNormal">
Diz a sabedoria popular que filhos são como os dedos das
mãos. Um é diferente do outro. E eu digo
que isto também é válido para as mães. Todos nós podemos encher a boca e dizer
que temos a melhor mãe do mundo. Porque temos. Cada mãe é um ser único. E o
amor que a mãe sente por seus filhos também é especial e único.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, 26 de setembro, minha mãe completa 86 anos. Teve onze
filhos, vinte e três netos e bisnetos a perder de vista. E somos todos
diferentes. Cada qual com sua singularidade.</div>
<div class="MsoNormal">
Quando soube da morte de minha mãe, o chão abriu sob os meus
pés. Meus muros ruíram e desabei num pranto enlouquecido de tanta dor. Recomposta,
fui ao hospital ter com os outros irmãos. E lá mergulhei num triste silêncio
anestesiador.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Durante o funeral aproximei-me de seu caixão no máximo umas
três vezes. Minhas irmãs se revezavam o
tempo todo em volta dela. Entoavam cânticos e orações, mas eu... Eu preferi ficar
sentada numa mureta olhando as árvores e flores do lugar. Só me aproximei dela,
novamente, quando do sepultamento. Foi a
última vez que estive naquele lugar. Nunca mais voltei.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Minhas irmãs, sempre que podem, vão visitá-la. Dia das mães,
aniversário, finados... Levam flores, limpam a placa de bronze, contam-lhe as
novidades. Todos os filhos. Menos eu. Filhos são como os dedos da mão. São diferentes.
E para mim, a minha mãe não morreu.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A minha mãe está aqui comigo. Eu a vejo quando estou no
jardim mexendo com as plantas ou quando as orquídeas florescem. Minha mãe está
comigo quando preparo bolo para receber as minhas filhas e genros. Como ela
fazia comigo. Enxergo minha mãe em minhas palavras e atitudes.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu vejo minha mãe em cada irmão. Na Guiomar quando está com
a casa cheia, a mesa posta, lotada de delícias. Aquele cheiro de temperos por
todos os lados. Eu vejo minha mãe em todos os gestos da Guiomar. O mesmo jeito
e alegria em receber e alimentar a família. A minha mãe está nela.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando olho para a Vivi, no alto dos seus setenta e dois
anos, linda, e com aquele sorriso que
quebra qualquer mau humor, a minha mãe está lá. Já me disseram que ver a Vivi
dormindo é ver a minha mãe dormindo. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando vejo o sorriso gostoso da Neusa, o carinho do Beto, a
tranquilidade do Zé, o dengo do João com os irmãos, as habilidades manuais da
Maria, o pragmatismo da Jê, a malevolência da Nicinha e a praticidade da Edina,
consigo enxergar em cada um de meus irmãos uma parte da minha mãe. Um pedaço
dela está em cada um de nós.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Cemitério é o fim de tudo. Lugar dos mortos. O que é finito.
Só que minha mãe não está lá. Ela está em cada filho que ficou. Em cada gesto.
E em cada olhar. Nas festas, almoços, no “pão da Vó”.</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Portanto, a minha mãe não morreu. Somos onze ”Iracis”. Feliz aniversário mãe.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-27846990834924955622013-05-01T12:49:00.001-07:002013-05-02T10:46:51.814-07:00Esperança<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de um longo dia de trabalho ligo a TV para saber as boas novas.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o que vejo? </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Jovens saudáveis e bonitos contando como atearam fogo numa mulher só porque ela tinha apenas míseros trinta
reais. A vida desta mulher custou trinta reais.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em seguida, não só ouço o jornalista narrar como assisto ao “Big
Brother” da vida real aonde um homem vai até uma pizzaria reclamar com o
proprietário por causa de uma entrega de pizza. O proprietário saca uma arma e
o ameaça. Tudo isso acontece na frente das duas filhas do cliente descontente. Essa
cena já seria chocante o suficiente, mas não! Ele atira, de novo e de novo. E
uma das filhas vai parar na UTI com uma bala cravada na cabeça. A vida desta
menina custou o equivalente a uma pizza. A ignorância de dois homens.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o apresentador muda de tema e penso: - Espero que seja algo mais
leve.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então ele informa que grande parte das casas e apartamentos do projeto “Minha
casa minha vida.” está com problemas de rachaduras, infiltração,
infraestrutura. Inclusive tiveram que demolir alguns prédios antes mesmo de
serem ocupados pela população. Esse desperdício custou o tempo, o suor, e o
dinheiro do trabalhador brasileiro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais uma vez o jornalista muda o assunto e diz: A polícia procura o
grupo que assaltou o restaurante. Segundo testemunhas, quem liderava o assalto
e empunhava a arma para os clientes era um garoto de onze anos.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Novamente penso: - Onze anos... Qual é a idade que estão pedindo para a
maioridade penal mesmo?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Comercial. Ufa, até que enfim um refrigério a tanta desgraça. Por pouco
tempo, claro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o jornalista inicia com: “Duas pessoas foram baleadas num restaurante,
na noite passada, ao tentarem desarmar o bandido. E atenção! Aumentou o número de arrastões em
condomínios. Os bandidos usam moradores para entrar nos apartamentos e render
as vítimas, inclusive usando métodos de tortura. E agora vamos falar de
futebol. Vamos ver como está o andamento dos estádios para a Copa!”. Desliguei
a TV. Melhor mesmo é ir dormir.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que está acontecendo com as pessoas? Estupro na Índia. Pedofilia no
Velho e Novo Mundo. Massacre no Oriente. Bombas mutilando crianças que foram
ver os pais na maratona. Políticos condenados assumindo cargos. Político
procurado pela Interpol falando na TV que “No meu governo havia mais segurança.”.
Macarrão. Bola. Bruno. Elisa. Economia porca que gera incêndio e a morte de
mais de duzentos jovens. Cidades turísticas escorrendo com as enxurradas das
chuvas. Bêbados atropelando, matando, pagando fiança e saindo pela porta da
frente das delegacias. Justiça que liberta os nove bandidos que assaltaram o
hotel no Rio. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quero acordar deste pesadelo. Fugir deste apocalipse.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No meio da noite acordo. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma dor no peito... </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A respiração ofegante... </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O corpo banhado em suor. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será um infarto? Efeitos do climatério? </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E uma enorme e inexplicável tristeza invade o meu ser. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vou à cozinha. Tomo um copo de água. Volto para a cama. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em vão fecho os olhos, pois o sono não vem. Amanhece.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abro a janela do quarto. O céu azul e a luz do sol invade meu quarto,
mas ainda pode-se ver a lua. Na varanda há bem-te-vis brincando na quaresmeira.
No telhado dois pequenos passarinhos dando seus primeiros voos. Na árvore da
calçada um bando de maritacas faz uma algazarra antes de debandar. Enquanto isso
o casal de joão-de-barro andam apressados pelo quintal em busca de suprimentos.
E as borboletas multicores bailam por entre o verde exuberante das folhagens e
das coloridas azaleias, exoras e Maria sem vergonha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Respiro fundo e me lembro de um amigo distante, Leonel Fonseca, que me
lançou o desafio de escrever sobre o amor.
Que desafio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de tanta notícia desanimadora na noite anterior poder apreciar
toda essa beleza e delicadeza da vida é um refrigério para a alma. É a mais
pura graça.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então meu coração se enche de esperança. Eu acredito no amor quando
vejo o Arthur preparando com tanto carinho uma sopa quentinha para a Nina que
acabara de chegar cansada do trabalho.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela se renova quando percebo o carinho e o cuidado da Carol com seus
amigos. Ao vê-la ajudar estranhos nas ruas, ao se importar e defender os
marginalizados, os que não tem voz.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vejo esperança para o mundo na dedicação e no amor do Luiz para com as
crianças especiais com quem ele trabalha e na sua maneira prestativa e servil
com o próximo. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O amor e a esperança estão na dedicação de pessoas desconhecidas dando
e se doando nos momentos de tragédias; no voluntariado; nos resgates, no trabalho dos médicos sem
fronteira, na renovação da vida, no nascimento...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda há esperança. Ainda há amor nos pequenos gestos, nas atitudes. A
cada novo ser que nasce. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em cada
amanhecer renova-se a esperança e o amor.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-79302357953832881732013-04-23T14:29:00.000-07:002013-04-23T14:29:26.652-07:00A Dona Aranha subiu pela parede. Veio a Helo Helena e a derrubou...<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na segunda-feira, meio dormindo, meio acordada fui ao canil cuidar
dos cães quando entro apressadamente e minha cabeça rompe uma enorme teia de
aranha.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desesperadamente começo a pular (não sei bem o porquê) e
bater minhas mãos sobre a cabeça temendo que alguma aranha pudesse estar sobre
ela. Os “<i>The Super Dogs</i>” me olhavam com carinha de interrogação. Provavelmente
pensaram que eu estava com pulgas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Olhei para cima e avistei sob o telhado uma aranha tricolor (amarela,
preta e transparente) de aproximadamente uns seis centímetros. Fiquei furiosa.
Como é que a aranha foi tecer uma teia justamente na passagem? Será que ela não
percebe que atrapalha?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Furiosa, peguei uma vassoura e tirei toda a teia enquanto a
aranha observava calmamente tudo lá do alto. Cuidei dos cães, que a esta altura
estavam sentados assistindo a cena hilária e voltei para a minha rotina. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia seguinte eu já havia esquecido o episódio da teia e
novamente minha cabeça foi de encontro a ela, e eu imediatamente me lembrei da
aranha (meio tarde pra isso). Novamente eu fiquei pulando e batendo na cabeça.
Uma cena ridícula, pois parecia estar fazendo a dança da chuva. Até os cães,
solidários à minha pessoa, também começaram a pular.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a aranha? Ah... A aranha estava escondida lá no alto e provavelmente
se divertindo com a minha cena patética. E eu novamente, muito brava, destruí a
teia. Ou parte dela. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois, já refeita do susto, fui olhar com mais cuidado e percebi
que ela havia feito a teia para proteger sua prole que estava envolta numa
camada fina de fios presos no telhado. Fiquei arrependida do que fiz. Quase
matei os filhotes da Dona Aranha que só queria cuidar dos pequenos... Meu
sentimento materno aflorou e quase chorei emocionada, ao ver aquelas pequenas e
indefesas criaturinhas que dependiam apenas da sua mãezinha querida.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então no terceiro dia eu tomei cuidado de tirar apenas o fio
da teia que atrapalhava a passagem, mas sem danificar. E pude observar que os
bebês da aranha já estavam na teia berçário e a Dona Aranha os vigiava como uma
mãe zelosa zela pelo sono de seu filho amado.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E isto se repetiu por toda a semana. Todos os dias eu
desmanchava parte da teia que atrapalhava a passagem, mas sempre de maneira
delicada tomando o cuidado para não assustar a mamãe aranha e seus filhotes.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ontem tive uma grande surpresa. A Dona Aranha também foi
gentil comigo, pois desta vez ela teceu os fios que seguram e protegem a teia berçário
do lado oposto. A passagem finalmente ficou livre. Foi um acordo silencioso.
Uma atitude de respeito entre duas mães que sabem da importância de se cuidar e
de proteger os filhos. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bom, ou ela percebeu que eu não queria machucar sua família
e retribuiu a gentileza ou ela se cansou de refazer a teia e a mesma ser
destruída que resolveu mudá-la lugar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como hoje estou romântica ( ou tomei muita água de chuva)
prefiro a primeira opção. E como dizem por aí gentileza gera gentileza</span>.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-73276786966113711072013-02-20T11:28:00.001-08:002013-02-21T05:44:33.435-08:00Vai de seminovo ou prefere o trem azul?<br />
<h2>
</h2>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É incrível como somos inundados com palavras e frases que não refletem a
verdade. Ao invés disso nos ofertam frases maquiadas e com roupas de festa, seja
na mídia impressa, TV ou mídias sociais. Tem sempre um criativo de plantão
usando uma frase ou palavra de efeito para tentar impressionar e vender seja
o conceito, o produto ou serviço.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem já não viu ou ouviu: “Compre aqui seu seminovo!” - ou “Aceitamos seu usado
como parte do pagamento!”. O
interessante é que eles te vendem um veículo seminovo e você entrega um veículo
usado. Uma concessionária jamais te
venderia um veículo usado, pois só trabalha com seminovos. Ai de você se achar que um carro seminovo é o mesmo que usado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já viram anúncios de imóveis que ficam em condomínios localizados nas
cidades que circundam as capitais? “Tenha qualidade de vida morando no
condomínio Paz e Sossego, a quinze minutos de São Paulo”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só não explicaram que esses quinze minutos são de helicóptero, pois de
carro, se tudo correr bem, levará uma hora ou uma hora e vinte minutos. Agora,
se chover...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E os bancos? Já prestou atenção nos anúncios criados para os bancos? Parecem
até mensagem de autoajuda com música que te coloca em transe, imagens bucólicas
e pessoas felizes. Todo mundo feliz: família, funcionários, gato, cachorro. Aí
você vai ao banco e já pega fila antes mesmo dele abrir. Depois fica preso do
detector de metais. Ao ser liberado, você entra numa fila única que se
estivesse fora do banco dobraria o quarteirão. E quando está prestes a ser
atendido um dos atendente se levanta e
coloca a placa de caixa fechado. E quando atende mal te olha, pois está
preocupado com a hora marcada com o terapeuta e o remédio para gastrite que
precisa tomar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você já se perguntou por que a maioria das lojas coloca a famigerada
frase “Desconto de até 70%”? Esse desconto é igual mula sem cabeça ou o ET de
Varginha. Ninguém viu, mas que existe, ah sim, existe. Outro dia eu recebi uma <i>newsletter</i> oferecendo produtos com desconto de
até 70%. Entrei na hora no site, e para minha tristeza todos os produtos que foram ofertados apareciam com a palavra “esgotado” e ao lado a oferta de produtos similares com
preços maiores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora o que tem me deixado indignada é a propaganda “Trem Azul” da TIM. Esse é
imbatível. Os criadores do trem azul da TIM são meus heróis. Cada vez que
começa a propaganda do Trem Azul da TIM eu preciso de um calmante para não
quebrar a televisão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Primeiro mostram um trem azul cortando a metrópole e interligando todas
as regiões. Um trem como este é o sonho de qualquer morador de São Paulo e
grande SP. Imagina ficar preso dentro de um ônibus, trem, carro por duas horas e depois chegar em casa e ver esse anúncio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois tentam te convencer de que sua vida vai melhorar, seja no
âmbito profissional ou pessoal por causa da TIM. Como? Mágica? Vão te dar emprego? Vão investir na sua <i>startup</i>? E para fechar
eles mostram as pessoas utilizando os serviços da TIM dentro do trem e em
outros lugares como se isso fosse verdade.
Meu vizinho para conseguir sinal da operadora sobe em cima do muro do
quintal. Tenho um amigo que só consegue sinal quando está dentro de uma sala de
cinema. Quando recebo visita pergunto logo qual operadora de celular ele usa e se for TIM eu mostro logo aonde fica o telefone fixo. Vai que precise dar um telefonema.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse é meu mundo. Então eu pego o meu carro usado e saio de casa que fica a quinze
minutos do centro da capital e entro num congestionamento monstro. Aí acabo adormecendo
e sonho que estou andando no trem azul. Até que alguém que acabou de comprar um
seminovo bate na traseira do meu carrinho usado. Tiro da bolsa o celular com
chip da TIM para acionar a seguradora e descubro que está sem serviço. Mesmo assim
não fico chateada, pois sei que as lojas do shopping fecharão às 22 horas e estão com descontos de até
70%.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se chover, não dirija. Não
saia de casa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E se beber, não dirija.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-22545913261665707082013-02-13T09:19:00.002-08:002013-02-13T09:24:43.934-08:00Carnaval! Todo dia é tudo igual. Carnaval...<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais uma vez, carnaval. E como foram nos anos anteriores,
tudo igual. Um evento onde no calendário só aparece marcado como feriado a
terça-feira, mas que na realidade tudo para ou vai mais devagar a partir da
sexta-feira que antecede a terça-feira “gorda” ou a “quarta-feira santa”.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E põe devagar nisso, pois o povo que vai viajar no carnaval já
entra no engarrafamento na porta de casa. Saiu com o carro da garagem, parou.
Viagem que duraria uma hora e meia vira quatro, cinco, seis, até sete horas de
viagem. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Justamente o paulistano, um sujeito cansado de passar boa
parte da vida preso dentro de um veículo em meio a um engarrafamento, não vê a
hora de chegar o carnaval para botar o pé na estrada e fugir... Do
engarrafamento.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E no carro vai pai, mãe, mulher, filhos, noras, genros, netos, cão, gato,
fralda geriátrica e paciência. Muita
paciência, senão é melhor nem sair de casa.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há muitos e muitos anos, quando minhas moças ainda eram
apenas menininhas loirinhas de olhinhos azuis, decidimos passar os quatro dias
do carnaval no litoral, num clube em Caraguatatuba. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já sabendo que o trânsito seria intenso combinamos sair na
sexta-feira entre quinze e dezesseis horas. Malas prontas, sacolas com
brinquedos, biscoitos, frutas e sucos arrumados, colocamos tudo no carro,
inclusive as filhas. Partimos. Entramos na marginal Tietê às dezesseis horas e
por volta das dezenove e trinta estávamos saindo dela para entrar na rodovia
dos Trabalhadores (agora chamada de Ayrton Senna). Três horas e meia de
marginal. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma paradinha rápida - Para quem não é de São Paulo, as marginais são vias rápidas utilizadas
por quem precisa acessar as principais rodovias ou chegar mais rapidamente nas
zonas norte, sul, leste e oeste. Via rápida quando não chove (e não inunda), não é véspera de
feriado prolongado, e não é a hora em que o povo está indo ou saindo do
trabalho. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diz a lenda que esse trecho, sem trânsito, se percorre em vinte ou trinta minutos.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Continuando a viagem - Quando pegamos a estrada respirei aliviada e
pensei “Agora vai. Vamos jantar num
restaurante na praia. Oba!”. Será?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Começamos a descida da serra. Quando estávamos naquele
trecho onde não há nada à direita nem à esquerda, exceto mato, despenhadeiro e
escuridão, tudo parou. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A princípio pensamos que tivesse acontecido um acidente. As
pessoas foram desligando seus carros, abrindo as portas e caminhando para
tentar descobrir o que havia acontecido. Alguns já começavam a festa de carnaval ali mesmo.
Colocavam músicas carnavalescas no último volume, abriam e tomavam cervejas e dançavam em volta dos carros
enquanto jogavam charme para quem quisesse.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi aí que também saímos do carro para saber o motivo
de tudo estar parado. Então descobrimos que os carros não andavam na rodovia
porque ela estava travada. Ninguém subia ninguém descia.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aconteceu o óbvio. Os
apressados e egoístas de plantão começaram a descer pelo acostamento e não
satisfeitos também usaram a contramão. A
certa altura quem pegou a contramão deu de cara com carros subindo e tudo
travou. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi preciso a polícia rodoviária chegar para colocar ordem
no trânsito. E já passava da uma da
manhã. Ainda bem que eu havia reforçado a sacola de lanches das crianças. Finalmente pudemos chegar ao destino quase
duas horas da manhã, exaustos, famintos, irritados e com uma vontade enorme de
fazer xixi. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi a última vez que estivemos nesse clube de praia.
Vendemos o título.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certo carnaval a família decidiu ir para Florianópolis. Então alugamos um apartamento no centrinho da
Praia dos Ingleses bem no burburinho.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Saímos de casa na sexta-feira às cinco da manhã, pegamos o Rodoanel e
entramos na Régis Bittencourt. Em quinze minutos já estávamos na Régis e
pensamos “<i>Piece of cake</i>”, “Molezinha,
molezinha!”.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como dizem por aí “Só que não!” Já passava das nove da manhã
e ainda estávamos a poucos quilômetros de casa. Acho que foi a viagem de mais torturante
dos últimos tempos, pois levamos quinze horas para percorrer 720 km. E lá não foi diferente, para qualquer lugar que
se tentasse havia congestionamento. Trocamos
seis por meia dúzia.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não é que eu fiquei fresca, mas viajar no período do
carnaval só se for de avião. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ou então, como diz aquela canção “O melhor lugar do mundo é
aqui. E agora.”, porque São Paulo fica absolutamente livre, vazia, inteirinha
ao seu dispor. E você pode ir aos lugares sem congestionamentos nem filas de
espera, podendo explorar e apreciar as belezas escondidas da cidade.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E você? Como gosta do seu carnaval?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-17570765458747975292013-01-05T13:17:00.000-08:002013-01-05T15:40:45.369-08:00Poda<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUPt6lr6GQdCANOhQ_wtjbIaLnKdRtE6y96bTHowld7dOrtnyfJp2_lrLQAeTtV1ZhF3tmIkU0knGleJlQw0Noh0A6o6IIN8XiO5aKxAss2KtVBalesiAcA2jIXi4w7B6Yf-5D4c88PxKa/s1600/GARDENIA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUPt6lr6GQdCANOhQ_wtjbIaLnKdRtE6y96bTHowld7dOrtnyfJp2_lrLQAeTtV1ZhF3tmIkU0knGleJlQw0Noh0A6o6IIN8XiO5aKxAss2KtVBalesiAcA2jIXi4w7B6Yf-5D4c88PxKa/s320/GARDENIA.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje comecei a podar os pés de gardênia que floresceram em novembro.
Durante todo o mês de novembro meu jardim ficou florido e perfumado. Com suas
flores brancas e folhas de um verde brilhante e profundo, os pés de gardênia
encantavam a todos. Só que para chegar neste ponto de floração, perfume e
beleza, a planta passou por um longo processo que começou com a poda.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Podar é cortar os galhos débeis, doentes, as ponteiras que
já deram flores e galhos que cresceram demais. Existe a poda de formação, a
poda de limpeza, a poda de florescimento, a poda de adequação e a poda de
reversão. Há também a poda drástica em que elimina mais de um terço do volume
da copa (massa verde). Não vou me aprofundar no assunto porque não sou
especialista em jardinagem.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de podar a planta ela perde toda a beleza, pois boa parte do verde se vai ficando à mostra apenas os galhos que se fortalecerão e então irá
brotar novos galhos e folhas de um verde intenso até chegar o momento de
nascerem os botões e novamente o jardim se abrir em flor.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu tinha um enorme pé de manjericão plantado num vaso desde 2006. Da noite para o dia ele amanheceu murcho. Em vinte e quatro horas secou totalmente. O meu vaso com o frondoso manjericão virou saudade. Secou por completo.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fiz uma poda drástica já sem esperança.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas depois de um tempo fui olhar o vaso para decidir o que colocar no lugar do falecido manjericão e qual não foi a minha surpresa ao ver pequenas folhas verdes brotando daquela poda drástica. E o mais incrível é que as folhas que nasceram do falecido manjericão eram quatro vezes maiores do que as folhas que surgiram entre 2006 e 2012.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Penso que conosco funciona do mesmo jeito. A vida nos poda.
Ela tira nossos excessos, corta nossos galhos. Perder uma pessoa querida.
Perder o emprego. Perder a empresa. Contrair uma doença. Divorciar-se. Tudo
isso eu chamo de podas. São nossos galhos sendo cortados. E parece que não
vamos conseguir voltar a ser como éramos antes: uma planta frondosa, bonita e
forte.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas o tempo vai passando e conseguimos nos recuperar e nos
tornamos mais fortes, mais capazes. Às
vezes é preciso sofrer podas para crescermos mais fortes. Para que dali a algum
tempo possamos gerar bons frutos e flores exuberantes.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Atualmente estou vivendo meu momento de poda, mas sei que
esta poda me deixará muito mais forte, mais exuberante, mais capaz.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E você?
Qual é o seu momento de vida, poda ou plena floração?</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-42329784030325582422012-12-20T05:34:00.000-08:002012-12-21T10:10:56.768-08:00Um anjo caiu do céu.<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Numa tarde de calor escaldante, as freiras reunidas na capela oravam e entoavam um cântico de louvor.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando de repente um estrondo, tal e qual um trovão, interrompeu as orações e a música.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Elas olharam para cima em direção ao barulho e ficaram paralisadas com a visão.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O teto se rompeu. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A luz inundou a pequena capela... </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o pequeno anjo apareceu.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Que visão magnífica! Um pequeno anjo, naquela capela. Amém.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sua pele era alva e os seus cabelos finos num loiro quase branco. E os olhos eram de um azul celestial intenso. Sim, um verdadeiro anjo desceu dos céus e surgiu naquela capela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma hora antes, na rua do colégio das freiras Maria Imaculada:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vai!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Corre!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Aí!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Chuta! Chuta!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Fora! A bola é nossa!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O pequeno Neco estava na calçada olhando os meninos mais velhos jogarem futebol de rua. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele não podia participar. Os meninos não deixavam. Diziam que ele era muito pequeno e que o jogo era apenas para garotos maiores. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neco se contentava em ficar correndo pra lá e pra cá pegando a bola na função de gandula. Dessa forma ele se sentia inserido na turma dos maiores e nutria, mesmo que pequena, a esperança de um dia ser aceito no time.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De repente, Juca deu um chute muito forte e a bola subiu zunindo, passou pelo teto da lanchonete do colégio e foi direto para dentro de uma portinhola que dava acesso ao forro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dos meninos correu, pulou o muro e foi tentar resgatar a bola.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neco quando viu o rapaz correndo imediatamente o imitou e foi atrás da bola. Afinal, ele era o gandula. Era dele a responsabilidade de resgatar a bola fujona.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então o rapaz falou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Entra você pela portinhola porque é menor e pesa menos, mas atenção procure pisar apenas nos caibros de madeira para não quebrar o forro. Passa bem devagar e vai até o fundo do forro, pois é por lá que a bola foi parar. Eu vou ficar aqui de fora te esperando.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o pequeno seguiu adiante e mergulhou na escuridão em busca da bola. Comprimiu seus olhinhos em busca da redonda. E ela surgiu lá no fundo aninhada entre uma telha e a madeira.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neco ficou tão empolgado que por alguns segundos esqueceu-se do aviso do amigo e ao invés de pisar sobre os caibros pisou na madeira fina do forro e... Crash.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ó, ó, ó, ó, ó, ó, ó.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O "pequeno anjo" rompeu a madeira do forro e ficou pendurado balançando suas perninhas brancas sobre as cabeças das freiras que perplexas olhavam para aquela cena inusitada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando os meninos perceberam o acontecido correram resgatar o pequeno que ficou com metade do corpo dentro do forro e a outra metade pendurada no teto da capela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Recuperada do susto a madre superiora gritou com os meninos que a esperassem, mas eles correram cada um para um canto.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neco, com seu olhar angelical e cabelinhos de anjinho barroco correu desesperadamente para casa, entrou afobado pela porta da cozinha e foi logo dizendo:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu posso ir pra casa da vovó? Estou com tanta saudade dela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com certeza Neco queria se refugiar na casa da avó para fugir do castigo que, sem sombra de dúvida, receberia ao descobrirem a sua mais nova "arte".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E sua tia falou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Entra aqui na sala querido. Venha ver quem veio nos visitar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Neco, com seus olhinhos azuis da cor do céu, olha para dentro da sala e vê sentada na poltrona segurando um copo de limonada a madre superiora do colégio das freiras Maria Imaculada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Reza a lenda que até hoje circula pela cidade a história do dia em que as freiras estavam em oração e um anjo desceu dos céus rompendo o teto da capela. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(História baseada em fatos reais)</span><br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-16947343577562162362012-12-12T11:27:00.002-08:002012-12-12T13:51:55.096-08:00Tem vampiros no meu jardim.<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando menina eu assistia os filmes de terror que passavam na TV, e a maioria deles era sobre ataques de insetos ou animais, tais como: “A invasão das abelhas assassinas”, “Gafanhotos devoradores”, “Formigas assassinas”, “Ratos radioativos”, “Baratas do mal”... Era uma lista enorme de filmes onde insetos aparentemente inofensivos transformavam-se em devoradores de plantações e de gente. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema é que nos últimos anos estes insetos repugnantes perderam o emprego para zumbis, vampiros e alienígenas comedores de gente. Nos atuais filmes de terror sempre tem um zumbi ou um vampiro à espreita para “dar o bote” em um humano desavisado. Ou então são astronautas que vão para o espaço e acabam sendo perseguidos por alienígenas assassinos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já tem algum tempo que tenho observado algo diferente. Os insetos que perderam o emprego para os zumbis e vampiros resolveram se mudar para o meu quintal. Estão todos aqui com cara de entediados recebendo salário desemprego.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antigamente havia um código de honra entre o homem e o inseto. Podíamos deixar janelas e portas das casas abertas até o final da tarde que eles não entrariam. E também podíamos ficar pelos quintais durante o dia todo sem sermos incomodados, mas ao findar a tarde e o cair da noite se não quiséssemos ser picados pelos insetos deveríamos fechar as portas e janelas. À noite, ao sair para o quintal era necessário proteger-se com roupas e/ou repelentes. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Infelizmente este acordo acabou. Não há mais hora para ser picado por toda sorte de insetos. De todos os tamanhos, cores e ferrões... São vinte e quatro horas sem trégua, sem perdão. Não te respeitam nem quando precisa daquele momento de solidão e meditação “no banheiro”.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Outro dia entrei no lavabo e havia seis pernilongos. Peguei um “SBP” e espirrei na direção deles. Quando a nuvem de veneno baixou eu vi os seis pernilongos dando gargalhadas e um deles ainda levantou uma das asinhas pedindo para eu espirrar mais um pouquinho. Veneno virou água de colônia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E na piscina? Não há cloro suficiente para combater esses chupadores de sangue alheio. Em outros tempos, no inverno, colocávamos uma medida de cloro a cada três dias e no verão duas medidas para cada dois dias. E a água estava livre de insetos. Estava...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora a coisa ficou difícil, esta semana precisei colocar quatro medidas e mesmo assim presenciei bichinhos nadando de peito, de costas, até mesmo dando saltos ornamentais. Teve um safado que ousou perguntar a que horas chegariam as visitas para o almoço, pois ele estava enjoado da comida da casa e queria novidades.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">À noite não se tem mais privacidade, você vai tomar um banho e precisa dividir o chuveiro com os meliantes. Para escovar os dentes é preciso pedir licença. E dormir então? Bastou deixar o quarto escuro para que comecem a serenata enquanto dão pequenos goles do seu sangue.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Além dos pernilongos assassinos também tenho recebido visitas de outro inseto desempregado o “barata voadora”. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ninguém mais faz filmes com baratas assassinas, a não ser que sejam baratas zumbis ou baratas vampiras. Elas também dependem do bolsa alimento e do salário desemprego. E acabam batendo na nossa porta em busca de um pão seco pra matar a fome.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dias atrás eu estava preguiçosamente refestelada no sofá vendo um filminho e bebendo um vinho quando olhei para a parede e vi algo escuro se movendo. Imediatamente dei um pulo de ninja e fui pegar o “aerosol mata barata”. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Espirrada para um lado, barata pro outro e eu acabei refugiada no quarto enquanto a barata correu para debaixo do sofá. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na noite seguinte estava conversando na varanda quando me mostraram uma barata na parede... Eu estava me preparando para correr quando ela levantou voo e sumiu na escuridão do quintal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a cada dia percebo um novo tipo de inseto que pica dolorido acampado em meu jardim. Tem para todos os gostos e tipos de sangue.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu aí eu pergunto? Será o preço por não colocar veneno nas plantas do meu jardim? Será que estamos sendo invadidos por insetos mutantes que são imunes aos venenos que vendem nos supermercados? Ou será que esses insetos sanguinários estão aproveitando loucamente antes que o mundo acabe?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu só sei que estou me sentindo a própria heroína do Resident Evil. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-81000427949370809542012-11-29T09:21:00.003-08:002012-11-29T16:14:17.856-08:00Curtas<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">A Marina pode entrar?</span></h2>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estava preguiçosamente deitada assistindo Cozinha Criativa quando o
telefone toca:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Alô.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Alô. Aqui é da portaria e a Marina tá perguntando se pode entrar?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- A Marina quer saber se pode entrar? Como assim? De onde está falando?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu sou o porteiro Juvenal e a Marina está aqui com a amiga querendo
entrar. Posso deixar?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Espera... (Mas a Marina tem chave e selo no carro). Marina de quê
mesmo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Marina Fuentes e sua amiga Natali, senhora. Eu sou aqui da portaria do
condomínio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Meu senhor, eu não estou esperando visitas e não conheço esta pessoa.
Eu acho que está ligando para a casa errada. Qual o nome do dono da casa que
essa Marina vai?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É a casa do Sr. Nilson e da dona Madalena.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ah você está ligando para a casa errada. Nesta casa não mora ninguém
com esse nome. Será que ela não se enganou de rua e número? Como ligou para a
minha casa? Ela deu o número do meu telefone?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Aqui é da portaria. Da portaria do São Paulo II. Eu to ligando para o
número xxxx-4928. Eu sou o porteiro Juvenal do condomínio São Paulo II.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Moço, o senhor não só errou de telefone, como errou de casa, de rua e
de condomínio, porque o senhor está ligando para uma casa que fica em outro condomínio com outra portaria. Eu
estou falando a sete quilômetros da sua portaria numa casa, numa rua e num
outro condomínio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tu, tu, tu, tu, tu...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-----------------------</div>
<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">Uma tarde entediante.</span></h2>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enquanto isso no apartamento 142, Zame, debruçada no balcão suspira fundo: "Hummfy". </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Bici pergunta: </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"O que foi Zaminha?". </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Zame com cara de tédio responde: </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Ah... Tá tudo muito parado Bici. Não acontece nada de novo. E os nossos vizinhos que moram nesse condomínio aí da frente... Tão grande... Cheio de árvores, flores... E eles não fazem nada. Só dormem... O tempo todo... Que povo mais desanimado...". </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Bici já com o olharzinho de tédio responde:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> "Verdade irmãzinha. Que tédio..." </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E nesse momento Nina entra, surpreendendo as duas na sala, e pergunta: </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- O que os meus amores estão olhando tanto pro cemitério?. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E as duas assustadas com a presença repentina da Nina vão correndo buscar abrigo no colo do menino Arthur e sua caixa de lápis de colorir. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Nina lá da sala comenta: </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Mas o que aconteceu com essas duas gatas?</span><br />
-----------------------<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">Linda igual a uma galinha.</span></h2>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Carolzinha adorava as visitas de sua avó, pois as duas costumavam passear na praça das galinhas durante as tardes. O nome da praça não era esse, mas era como Carolzinha a chamava, pois a praça fazia limite com um galinheiro. E ela gostava de colher folhas das plantas e levar até a cerca de arame para as galinhas bicarem.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sempre que Carolzinha chegava à praça suas pequenas mãos ficavam repletas de mato e ela corria alegremente para a cerca. As galinhas ficavam alvoroçadas, um verdadeiro frenesi, um corre-corre prá lá e pra cá. Todas queriam bicar os matinhos das mãos de Carolzinha. E ela gastava um tempo às voltas com o galinheiro enquanto sua avó a esperava pacientemente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a pequenina loirinha de olhos azuis ficava feliz em proporcionar tamanha algazarra às galinhas. Ela amava aquelas penosas e para aquela menina uma galinha era a tradução da mais pura e verdadeira beleza.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certo dia, voltando do galinheiro, a pequena de mãos dadas com sua avó, quis expressar sua gratidão àquela que a levava à praça todas as tardes. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E então ela parou, olhou atentamente para sua avó e disse:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vovó, eu te acho tão linda, mas tão linda tão linda! Você é linda igual a uma galinha!</span><br />
-----------------------<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">O peixinho... </span></h2>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E na sala de aula a professora abriu o livro e começou contar a história:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Era uma vez um pequeno peixinho...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E uma menininha sentadinha na cadeira e que escutava atentamente interrompeu a professora:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Peixinho? Não, não era um peixinho. Era uma peixinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o seu amigo Pedro que estava sentado mais à frente falou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Peixinha? Existe peixinha? Você está inventando.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Existe sim seu bobo. E essa peixinha é minha amiga. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E a professora dando corda à conversa perguntou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Hã... Você tem um amiguinho que tem um aquário com um peixinho chamado Peixinha?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nãaaaao professora. Não é nada disso. A peixinha é que é minha amiga. Quando essa peixinha nada, ela desliza pelas águas como uma bailarina. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais uma vez o Pedro provocou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ah, eu duvido que você tenha uma amiga peixinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tenho sim. E eu vou te apresentar. E ela participa de competição. O nome dela é Luiza e será a peixinha campeã de natação.</span><br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-71667468364804209092012-09-26T13:34:00.000-07:002012-09-26T13:34:02.273-07:00Conto de fadas?<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neguinha como era carinhosamente chamada por alguns familiares era uma morena bonita. Cabelos castanhos escuros quase negros, apenas um metro e meio de altura, mas bem feita de corpo. Como diziam naqueles tempos “Uma cinturinha de pilão num corpinho violão”.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas Nêga não teve uma vida fácil não. Nasceu e cresceu numa fazenda no interior do estado de São Paulo, e numa época em que mulher aprendia desde pequenina a dizer primeiro “Sim, senhor.” para o pai de depois para o marido. Perdeu a mãe quando tinha apenas dois anos. Ela foi criada pelo pai, um homem rude e severo e por seus irmãos mais velhos que não facilitavam em nada a vida de Neguinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desde pequena Neguinha cuidava dos afazeres domésticos, da lida da casa e da comida. Mesmo sendo pequenina ela levava sobre a cabeça um caldeirão ainda quente com o almoço do pai e irmãos que trabalhavam na lavoura. Aos sábados tinha a árdua tarefa de passar e engomar os ternos brancos de puro linho para seus irmãos irem passear na cidade, e flertar com as moças solteiras. Nêga ficava em casa. Moça de família não saía por aí se dando ao desfrute.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neguinha era uma menina sonhadora que quase nunca saía da fazenda, nem mesmo para ir à escola da região. “Estudar pra quê?” – dizia seu pai. “Uma moça precisa saber cuidar de uma casa e arranjar um marido, pra ser esposa e mãe! O que precisa é saber matar um frango e fazer um bom ensopado, cuidar da roupa do marido e matar a sede do esposo com água fresca trazida da mina.” </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E Neguinha ficava a imaginar o dia em que encontraria o seu príncipe encantado que a libertaria daquela vida e a faria feliz para sempre. Aí sim, ela teria a sua própria casa, e iria limpar cozinhar, lavar, passar e engomar os ternos de linho do seu príncipe encantado. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mal sabia ela que seu destino já estava traçado e o seu príncipe (ou não) estava ali, bem pertinho dela, na mesma fazenda.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio era um peão que tinha vindo de Minas Gerais para trabalhar na fazenda da família de Neguinha. Um jovem esguio, moreno, bonito, muito bonito. Tinha olhos cor de mel e feições que lembravam o povo árabe. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todas as vezes que Neguinha aparecia com a matula na cabeça cheia de comida, Antônio lançava olhares furtivos com o cuidado de não ser surpreendido pelos irmãos de Neguinha, pois com certeza se descoberto, a coça estava garantida.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio conseguiu amolecer o coração da mocinha que acabou casando e engravidando, ou engravidando e casando. E pelo jeito Antônio não era o genro que o pai da Neguinha almejava para a filha. A família esperava que Nêga se casasse com o filho do dono da fazenda vizinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O fato é que a pequena Neguinha nos altos dos seus treze anos se deixou seduzir pelos olhos cor de mel e pela beleza árabe daquele jovem “peão sem um tostão” da fazenda e quando se deu conta já estava casada e embaraçada. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desta maneira, Antônio juntou suas coisas numa trouxa, colocou Nêga, como gostava de chamá-la, no lombo de seu cavalo e partiu para novas terras, uma nova vida, uma nova família. E Neguinha acompanhou seu marido rumo a uma nova história. Rumo ao desconhecido.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Primeiro o casal ficou pelo interior paulista e tiveram seus primeiros filhos da leva de onze. Depois foram desbravar novas terras no interior do Paraná. Neguinha viajou em lombo de cavalo e dormiu em cama feita de tronco de árvores no meio do mato, morou em casas de fazendas enquanto Antônio as administrava. E assim foi tendo seus filhos. Todos nascidos por mãos de parteiras, quer dizer, todos menos a décima primeira que nasceu num hospital. Uma vida nada parecida com um conto de fadas da Disney.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de idas e vindas, mudanças, transformações, tristezas e alegrias, Neguinha se muda de mala e cuia para a cidade de São Paulo. Vendeu tudo o que não coube dentro das malas, comprou passagens para ela e os filhos menores, pois os maiores já estavam na cidade grande, e vai para São Paulo. O seu Antônio já estava em São Paulo aguardando a família.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Durante a viagem, entre um sufoco e outro para manter as cinco crianças tranquilas dentro de um ônibus, ela sonhava com sua nova casa, e com sua nova vida numa cidade grande.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em São Paulo a vida não foi nada fácil para essa pequena que já não tinha cinturinha de pilão num corpo violão. Era uma jovem senhora de carnes fartas, mãe de cinco filhos adultos, uma adolescente e de uma leva de pequenos. Para ela, mulher bonita tinha que ter dobrinhas. Costumava dizer que mulher magra parecia estar doente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dia seu príncipe árabe, que tinha deixado de ser príncipe há muito tempo, foi embora. Para sempre. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neguinha, que já não tinha uma vida fácil criou os filhos menores com a ajuda dos filhos maiores, especialmente de sua filha mais velha. Filha essa que sempre esteve ao seu lado nas alegrias e nas tristezas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neguinha refez sua vida, entrou numa escola de alfabetização para adultos, arranjou algumas amigas, e de vez em quando saiam para dançar no “Baile da Saudade”. Ela gostava de plantas, principalmente orquídeas. Em sua casa havia um corredor que mal dava para caminhar de tantas latinhas e potinhos com plantinhas medicinais e flores. De tudo um pouco havia naqueles vasos improvisados. Cada pote de margarina ou lata de massa de tomate virava um vasinho.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Era uma delícia visitá-la, pois sempre tinha uma fornada de pão que tinha acabado de assar ou então seu famoso mantecal feito com banha. Uma delícia de lamber os beiços.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando Nêga me visitava gostava de mexer no quintal. Logo que acordava ia para o jardim, vestida de pegnoir, arrancar erva daninha ou plantar sementinhas que trazia na sacola. Eu tenho três vasos antúrios rosa claro que ela plantou. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nêga como o príncipe árabe gostava de chamar, foi convocada para cuidar do jardim celestial. Se ainda estivesse conosco, hoje seria um dia de muita alegria, pois estaríamos reunidos para comemorar mais um ano de vida dessa mulher guerreira que não foi poupada em nada nesta vida. Não teve vida de princesa. Nunca soube o que é ser criada por uma mãe, mas soube ser mãe. Encontrou pedras no caminho, mas mesmo assim criou onze filhos que souberam honrá-la.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu fiz do meu quintal um jardim em sua homenagem. Às vezes olho para ele e a vejo passeando por entre as flores e borboletas, contemplando a beleza das plantas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É assim que eu quero me lembrar desta mulher querida, tão forte e tão frágil. Que guardava numa gavetinha um caderno e uma caixa de lápis de colorir para fazer desenhos infantis. Mulher essa que me deu a vida.</span><br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-63112574335719035912012-09-20T09:40:00.000-07:002012-09-20T09:40:03.768-07:00Osso na garganta<br />
<h3>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desabafo.</span></h3>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu sempre fui uma pessoa com grande imaginação. Quando
criança eu viajava em meus pensamentos e criava um universo fictício, e adorava
ficar nele.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conforme crescia fui pegando o gosto pela leitura, e lia de
tudo, autores brasileiros, novelistas estrangeiros, pensadores. Lia tudo o que
passava por minhas mãos. Por sorte, minha irmã mais velha era assinante do
Círculo do Livro, e todo mês havia título novo em casa. Além disso, emprestei
de amigos alguns títulos para devorar. Houve um tempo em que eu preferia ficar
deitada na cama lendo um livro do que com pessoas conversando. Era uma
verdadeira esponja.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De tanto ler e com uma mente imaginativa eu comecei a
escrever pequenos textos, mas não me aventurava a mostrá-los. Nas aulas de
redação sempre tirava boas notas. No cursinho eu adorava fazer redações apenas
para ler os comentários dos professores que as corrigiam.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com o tempo a vida tomou um rumo em que a escrita ficou de
lado. Casei, tive filhos, abri empresa, fiz faculdade, saí da empresa, e aí
sobrou um tempo extra. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por causa de uma mensagem enviada à uma amiga relatando uma
aventura em New York minhas filhas e alguns amigos me incentivaram a escrever
crônicas e publicá-la em um blog.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Meio sem fé comecei a escrever e tomei gosto pela coisa. Não escrevo biografias e sim histórias que têm inspiração em
situações acontecidas no passado e também no presente. São lembranças da infância, acontecimentos nas ruas, bairros e cidade temperadas com
humor e ficção.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Infelizmente fui tomada de grande surpresa quando num evento uma
pessoa conhecida se aproximou de mim e disse que pessoas escrevem e publicam
na internet memórias e que elas não deveriam fazer isso, pois estão se expondo, e memórias devem ser guardadas para si.
Na verdade essa conhecida disse muito mais sobre esse assunto, mas não vale a pena repetir. Ela me
deu uma verdadeira aula sobre os perigos de se publicar textos na internet. Eu
entendi claramente que ela estava falando sobre o que eu publicava em meu blog.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por respeito, eu a ouvi atentamente e não discordei (ou
concordei) em nada do que ela havia falado. Temos que respeitar a opinião do outro. E principalmente pelo fato de quem deu a aula não usar internet. Ao contrário da pessoa que fez a crítica, eu respiro, durmo e acordo com internet desde 1995. Eu
trabalhei com internet e divulgação de informação por meio dela por mais de
quinze anos. Não faria sentido eu querer argumentar com essa pessoa sobre o que
se pode ou não publicar na internet.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Algum tempo depois desse "conselho", eu soube que, não contente em me passar uma mensagem
subliminar e dar uma explanação sobre a importância de <u>não expor memórias na
internet</u>, ela falou para um grupo de pessoas que o que eu escrevia no blog não
era verdade. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas caramba, é a minha verdade. É o meu olhar poético e
humorístico sobre a vida cotidiana. É óbvio que meus textos são retalhos de
lembranças permeados de ficção. Eu jamais exporia a história de vida das
pessoas conhecidas, claro com exceção da homenagem que fiz à uma amiga que
faleceu, todo o resto não passa de ficção inspirada na realidade, puro texto de
entretenimento. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para escrever o autor usa a memória passada e o cotidiano como
combustível em suas criações. Ou será que “os maravilhosos livros” que ela lê os
autores não usaram fragmentos de memória na construção dos personagens e
desenrolar da história? </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como já se sabia
desde os tempos de Jesus “Santo de casa não faz milagres.”</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"> </span><br />
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-36543433078298826502012-08-06T17:23:00.000-07:002012-08-08T10:26:24.137-07:00A Maria e o velório<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certo dia na cidade o alto-falante tocou a Ave Maria e anunciou a triste notícia. Houve grande comoção, pois faleceu um homem conhecido por todos da região. Quer dizer, nem todos...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E ele era o pai de uma colega de classe e grande amiga. Por isso, naquele dia, dispensaram-nos das aulas e fomos todos para a casa da nossa amiga prestar uma última homenagem ao seu pai.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Faço aqui uma paradinha na narração para um momento "cultura inútil": Hoje em dia os mortos são velados numa sala no cemitério onde serão enterrados, mas nem sempre foi assim. Numa outra época, que não é a minha nem a sua os corpos eram velados nas residências até o momento de serem levados em cortejo ao cemitério. Acho que em algumas regiões do nosso Brasil ainda é assim.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando ao causo. Quando chegamos ao velório fomos para a sala da casa que já estava lotada de parentes, amigos e conhecidos, além da nossa turma da classe. O caixão estava posicionado no centro da sala coberto de flores. Havia coroas de flores espalhadas ao redor.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De repente vejo a Maria, que anda ao contrário, entrar na sala. Ela se achega ao caixão e começa rezar. Depois encara a face do morto num longo silêncio como se estivesse se lembrando de passagens da vida do defunto. Então ela o beija no rosto. Ela fica ali por um tempo contemplando aquela face gelada. Depois beija, beija e beija as mãos do morto e em seguida vai até os pés do defunto e começa a beijar sem parar...</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todos na sala ficam olhando estupefatos para aquela cena, inclusive viúva e filhos. Quem era e por que aquela franzina mulher prestava ao morto homenagem tão carinhosa. Uma saraivada de beijos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então ela se afasta do caixão, não cumprimenta nem fala com qualquer pessoa da sala e vai em direção à porta da cozinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Curiosa eu também fui para a cozinha e vi quando Maria atacou um bolo de milho com o mesmo entusiasmo com que beijou o defunto lá na sala. Numa mão um pedaço de bolo e na outra uma coxinha suculenta.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pensei que teríamos dois velórios de tanto que a Maria comia naquela cozinha. Depois de sorver uma última caneca de café quente ela se aproximou de mim. Justo de mim. E perguntou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Conhece o defunto?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sim conheço.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É quem?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Bom, a senhora está no velório do seu Pedro Dias. Ele é pai da minha amiga Jandira.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ah, o pai da sua amiga... Morreu... E... Diga-me lá, ó menina. Morreu di que hein? Morreu di que? </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É isso mesmo que está pensando. Ela entrou na casa, beijou o defunto com tanto ardor e intimidade que deixou a viúva com a pulga atrás da orelha. Foi pra cozinha, comeu e bebeu até quase fazer companhia ao defunto na sala, e não tinha a menor ideia de quem estava beijando, qual o nome do dono da casa ou do que o falecido havia morrido.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um homem na cidade, conhecido por todos, faleceu. Quer dizer, todos menos a Maria. Mesmo assim, ela beijou muito e comeu e bebeu até quase enfartar. E foi embora satisfeita. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imagina então se fosse amiga da família o que não poderia ter acontecido. Era capaz de ter esticado uma rede na sala pra tirar um cochilo ao lado do morto. É cada figura que aparece que dá a impressão que é personagem de romance.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não vá embora, fica que vai ter bolo. Aproveita e deixe registrado a sua opinião.</span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-55904413756000009352012-08-02T11:59:00.000-07:002012-08-03T11:14:58.064-07:00Personagens reais ou que saíram de algum livro?<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguma vez você topou com uma pessoa e questionou se o que estava vendo era real ou se tinha acabado de sair das páginas de algum livro de contos ou ficção?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu confesso que já esbarrei com tipos que pareciam ter escorregado de alguma página de livro. No post do dia 23 de julho eu apresentei o baixinho de bombachas coloridas. Agora apresento a pequena mulher que andava ao contrário.</span><br />
<br />
<h3>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">Parte 2 - A mulher que andava ao contrário.</span></h3>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Maria era uma mulher diferente das que eu havia conhecido. Ela era desprovida de qualquer vaidade. Estava sempre metida num vestido de mangas curtas e decote em V. Nunca usava roupa florida ou estampada, sempre cores sólidas e sóbrias. Seus cabelos viviam envoltos num singelo lenço de cor escura. Nos pés sempre um par de chinelos de borracha ou alpargatas. Era magra, pele curtida pelo sol e pela labuta. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acho que Maria não atingia um metro e meio. Ela andava pela cidade sempre acompanhada de um menino que aparentava uns nove ou dez anos. Ela carregava nas mãos uma sacola de ráfia trançada. E ele um embornal de saco alvejado cruzado ao tronco. Todas as semanas ela passava em frente à loja.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Creio que me esqueci de mencionar que meu cunhado construiu uma nova loja, bem maior que a primeira, acho que tinha umas cinco ou seis portas duplas. Era a maior loja da cidade, no gênero, e ficava numa esquina, na última quadra da avenida. Um dos pontos mais altos, como costumamos falar, “aonde o vento faz a curva”.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> No inverno não era fácil ficar naquela esquina. O vento gelado uivava em nossos ouvidos. A grama do jardim amanhecia branca. Para suportar o vento gelado era preciso fechar algumas portas da loja.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certa vez o frio era tão intenso que minha irmã resolveu fazer uma fogueira dentro da loja. Arrumou uma lata, encheu-a com papéis besuntados de álcool e ateou fogo. A certa altura não se contentando em ficar próxima do fogo, tirou o sapato e aproximou o pé das chamas esquecendo completamente que estava calçada com par de meias de fios sintéticos. Dá para imaginar o que aconteceu? Minha irmã pulando igual Saci Pererê com a meia retorcida e queimada grudada na sola do pé.</span><br><br/>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando ao assunto principal, a Maria. Ao passar por aquela esquina gelada e de ventos uivantes, ela tinha um ritual. Ao atravessar a esquina, bem em frente à loja, ela virava as costas ao vento gelado, torcia o corpo para frente e caminhava. Era como o junco que se dobra ao açoite do vento para não se quebrar. Maria dobrava todo o tronco e puxava a barra do vestido até os joelhos. E assim, completamente curvada para a frente ela engatava a ré e caminhava devagar. </span><br><br/>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sim, ela andava de costas para o vento. E conforme ela andava ela gemia: “Hum, hum, hum...”.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O pessoal saía de seus lugares quentinhos só para ver aquela mulher franzina andando pela avenida de costas, de ré, ao contrário. Como diz uma amiga minha "uórever". De vez em quando ela virava o rosto para observar se não havia algum obstáculo a ser desvencilhado.</span><br><br/>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim como o homem de bombachas coloridas, Maria era uma figura folclórica da cidade. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Impressionante mesmo foi a Maria no velório. Eu não sei se conto... Será? Conto sim. Daqui a pouco. Aguarde.</span><br />
<h4>
</h4>
<br />
<div>
<br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-6851703168529519792012-07-28T09:46:00.000-07:002015-05-08T11:29:38.928-07:00Conceição! Eu me lembro muito bem.<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Ontem eu estava zapeando pelo Facebook quando deparei no feed de notícias uma foto publicada com uma mensagem carinhosa de despedida para Conceição. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como nossa memória é incrível. Para mim, a memória é como um móvel cheio de gavetinhas que guardam nossas lembranças. Elas ficam lá guardadinhas, arrumadinhas. Como uma camiseta que acaba esquecida no fundo da gaveta.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> E às vezes sem esperarmos alguém abre uma dessas gavetinhas e espalham nossas memórias. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E coisas que estavam guardadas lá no fundo bem no cantinho da gaveta aparecem como se tivessem acontecido naquele instante. Foi o que aconteceu comigo ontem quando vi a foto da Conceição. Minhas lembranças caíram da gaveta e se espalharam. E agora estou recolhendo-as. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A última vez que vi a Conceição foi há alguns anos numa cidadezinha bucólica no interior do Rio de Janeiro. Nos encontramos no casamento da minha sobrinha. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como o casamento foi realizado num feriado prolongado aproveitamos para conhecer uma cidadezinha encantadora que ficava a alguns minutos da pousada em que ficamos hospedados: Conservatória. E foi nessa cidade meu último encontro com a Conceição. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Almoçamos juntos, Conceição e o Fernando, meu marido e eu. Conversamos muito naquele almoço. Relembramos o passado. Afinal ela era amiga da minha irmã, me conheceu quando eu ainda tinha treze anos, e o seu marido havia sido meu professor de matemática, no colegial. Passamos uma tarde deliciosa conversando animadamente. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando à minha gaveta revirada. Ao mexer nessa gaveta eu peguei a memória do meu primeiro baile. Haveria um baile na cidade e eu queria muito ir. Infelizmente o marido da minha irmã não gostava muito deste tipo de eventos. Como eu tinha apenas quatorze anos, minha irmã não permitiu que eu fosse ao baile com minhas amigas. E a Conceição, com sua voz meiga, falou com minha irmã para não se preocupar, pois eu iria ao baile com ela, e ficaria na mesma mesa. Além disso, comprometeu-se em me levar para casa em segurança. Foi a Conceição quem me levou ao meu primeiro, segundo, terceiro... Nem sei quantos bailes ela me levou... </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Também me lembro dos almoços entre as famílias, churrascos, as festinhas de aniversários. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para a minha irmã, Conceição era uma amiga especial. Minha irmã já estava casada quando se mudou para a cidade onde Conceição morava. Mesmo assim, minha irmã continuou sua educação. E foi na escola que as duas estreitaram os laços de amizade. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma amizade que durou até hoje. Acho que a amizade das duas deve passar dos quarenta anos ou quase. Elas se casaram, tiveram filhos, mas nunca, por motivo algum, diminuíram ou interromperam a amizade.
Quando minha a irmã fazia aniversário a Conceição sempre aparecia com um bolo, um presente ou os dois. Ela nunca se esquecia. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos aniversários, nós os irmãos costumamos nos telefonar. Particularmente eu sou uma péssima irmã, pois sempre esqueço e acabo ligando depois que passou a data do aniversário. E todas as vezes que eu ligava para minha irmã, ela dizia: </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - Ah, não vai ter festa não, mas eu fiz um bolo e preparei alguns comes e bebes porque a Conceição nunca deixou de vir aqui em casa me cumprimentar. Logo, logo ela deve estar chegando. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E foi assim. Ano após ano. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conceição era assim. Mulher de sorriso encantador. Mãe, esposa, amiga, companheira, professora, batalhadora, engajada em projetos beneficentes seja na APAE ou na igreja local. Sempre pronta a estender a mão e ajudar o próximo. Por muitos anos esteve à frente dos projetos da APAE de sua cidade, como diretora. E mesmo após a sua aposentadoria continuou engajada. O que hoje é moda nas empresas, para ela sempre foi um estilo de vida: voluntariado. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E ainda assim tinha tempo para se dedicar aos amigos e a família. Nunca abandonou seus pais, ao contrário, cuidou com zelo e amor de seu pai até o final da vida. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E mesmo doente, nunca perdeu o sorriso e a alegria. Ela teve leveza para vivenciar todos os momentos difíceis e alegres, e até curtir a vitória do timão. Sempre com seu sorriso gostoso e suave. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje a cidade Pérola amanheceu mais triste, sem cor, sem brilho. Ficou apenas um vazio imenso. Na cidade. Nos corações daqueles que a conheceram. E na vida de centenas de crianças e pais em que ajudou a superar dificuldades e deficiências. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A cidade está de luto.
Mesmo eu estando distante, em São Paulo, também amanheci com uma enorme tristeza em meu coração. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imagino o que minha irmã deve estar sentindo. Quantas histórias fizeram. Quantas memórias nas gavetas! Tenho certeza que para ela está sendo como perder uma irmã, pois os nossos irmãos de sangue não escolhemos. A Conceição era a sua irmã de coração, era sua amiga e companheira de uma vida inteira. Compartilharam alegrias e tristezas. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tenho certeza que Deus deve estar refestelado em uma poltrona escutando histórias contadas pela Conceição, permeadas por largos sorrisos que só ela sabia dar. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conceição deixa saudades e muitas histórias para serem lembradas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conceição! Agora literalmente "Dos Anjos".</span><br />
<br />
Conceição Assunção dos Anjos<br />
17/07/1954 - 27/07/2012<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">RIP <i>Rest in peace</i> (Descanse em paz). </span><br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-82797748215754902482012-07-23T15:47:00.001-07:002012-07-28T09:51:43.398-07:00Personagens reais ou que saíram de algum livro?<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguma vez você topou com uma pessoa e questionou se o que estava vendo era real ou se tinha acabado de sair das páginas de algum livro de contos ou ficção?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu confesso que já esbarrei com tipos que pareciam ter escorregado de alguma página de livro. Vou comentar sobre dois deles: O baixinho de bombachas coloridas, e a pequena mulher que andava ao contrário.</span><br />
<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">Parte 1 - </span><span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">O baixinho de bombachas coloridas. </span></h2>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu não sei qual era o nome do sujeito, mas que ele “causava” por onde passava, ah “causava”. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O ministério da Saúde adverte: “Olhar para este homenzinho a olho nu, pode causar danos. Portanto, por precaução, antes de fitá-lo recomenda-se o uso de óculos escuros“. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As roupas daquele pequeno homem era pra “fashionista” algum botar defeito. Ele conseguia usar, praticamente, toda a paleta de cores. Seu visual era repleto de cores, detalhes e acessórios. Quanto mais você olhava para aquela figura colorida mais novidade na roupa se descobria.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Este sujeito era uma figura diferente. De pequena estatura, acredito que não alcançava um metro e meio de altura. Seus cabelos tingidos de preto eram repartidos e untados com óleo de babosa, comprado na loja do meu cunhado, é claro. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele já devia ter certa idade, pois o seu rosto parecia um origami, cheio de dobras de pele. Uma vida bem vivida.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em sua boca havia uma dentadura que teimava em não ficar no lugar. Enquanto ele articulava as palavras vigiava a dentadura para não pular no chão. Parecia que tinha vida própria. Eu ficava agoniada com aquela dentadura saltitante.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A cada quinze dias ele surgia pela avenida principal montado em seu cavalo que apeava sempre na esquina da loja. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele era figura constante na loja do meu cunhado. Estava sempre a procura de um ponto russo largo com desenhos multicoloridos, rendas, fitas, sianinhas, botões. Tudo para enfeitar suas vestes de gaúcho tradicional.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfJiypJ76afZvlWAwNqz5j2DSzHmWPCmDBDU3EWXzzvnqK4JatAL_zJx-NxPa8DR2GOoMrW0mqWacZrAwITmqvWLITHOQz3xRkEbyHqRwYmeEYNx3KUI-4ECcmRFF3c10cUGVavL5v24R2/s1600/CAPITONE.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfJiypJ76afZvlWAwNqz5j2DSzHmWPCmDBDU3EWXzzvnqK4JatAL_zJx-NxPa8DR2GOoMrW0mqWacZrAwITmqvWLITHOQz3xRkEbyHqRwYmeEYNx3KUI-4ECcmRFF3c10cUGVavL5v24R2/s1600/CAPITONE.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Gostava de usar camisas de cores fortes e vibrantes, pra deixar qualquer personal stylist de cabelo em pé. Cores como verde bandeira, azul royal, vermelho boi berrando, laranja madura... As camisas eram confeccionadas por uma costureira, pois a modelagem era diferente da tradicional camisa masculina. A gola era grande, pontuda e com bordados. As mangas eram fartas e bufante com entremeios coloridos, sianinhas, e nos punhos havia pequenas pregas e nervuras. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A frente da camisa também havia prega, um plissado ou nervuras e enfeites sobre os bolsos frontais. Algumas camisas tinham um bordado de casinha de abelha ou capitonê como alguns conhecem. Os botões da camisa não eram simples botões. Eles eram de madrepérola, outras vezes dourados, ou de osso com pedrinhas coloridas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sobre a camisa vez ou outra ele aparecia com um colete preto bordado com desenhos multicoloridos.</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhcKCfgeIH5aaCUuZVquOHm1KYPqTjbOyawa65csGrGvqFvwcljyN87r8cIAJGz4S03mNjWWRUzvuedm8HIP8B5NUMriww_rD-cjSa2spTMhYaM7WYvlQTCkCOeFSVni0Nbm6kJl2VtfPG/s1600/BOMBACHA.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhcKCfgeIH5aaCUuZVquOHm1KYPqTjbOyawa65csGrGvqFvwcljyN87r8cIAJGz4S03mNjWWRUzvuedm8HIP8B5NUMriww_rD-cjSa2spTMhYaM7WYvlQTCkCOeFSVni0Nbm6kJl2VtfPG/s1600/BOMBACHA.png" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como bom gaúcho ele não usava calças comuns, mas bombachas (pilchas), franzidas, pregueadas, com bordados coloridos nas laterais das pernas. As pilchas também seguiam as cores vibrantes das camisas. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se ele colocasse a bombacha verde bandeira a camisa seria vermelho sangue ou laranja madura. A maioria das vezes que o vi estava com bombacha azul royal ou com a bombacha roxa. Acho que eram suas preferidas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Unindo as duas peças extremamente coloridas e ricas em detalhes, um cinto largo preto cheio de taxas. Quase ao lado, preso no cinto, uma bainha sustentando uma faca, conhecida por alguns como peixeira. Nos pés, um par de botas pretas no estilo dos pampas. E na cabeça um chapéu preto de boiadeiro gaúcho com tachas prateadas e fita colorida. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E não podia faltar o arremate que era um lenço vermelho amarrado ao pescoço.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu não sabia seu nome nem onde morava, e muito menos o que fazia para ganhar a vida. Um gaúcho de raiz. Com suas roupas tradicionais. E com orgulho desfilava pela cidade montado em seu cavalo. Colorido e feliz. Era uma figura folclórica da região. </span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E o mais incrível é que eu nunca vi qualquer pessoa da cidade comentar, rir ou fazer piada sobre aquele senhor. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando chegava à cidade, passava pela avenida e entrava nas lojas não havia qualquer sinal de deboche ou risinhos escondidos... Ninguém jamais questionou a masculinidade daquele homem por vestir-se com tamanho abuso das cores.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será que algum dia aquela faca pendurada no cinturão saiu da bainha e riscou algum crítico de moda? Porque aquele baixinho de cabelos tingidos de negro, vestido em roupas tradicionais gaúcha, mas com uma overdose de cores, tinha tanto respeito das pessoas?</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será que a mulher que andava ao contrário pela rua teria coragem de sair colorida pelas ruas? Acho que não, mas ela também era pequenina como o homenzinho da bombacha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><br />
<br />
<h2>
<span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">Parte 2 - </span><span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">A mulher que andava ao contrário. </span></h2>
<br />
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em breve...</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-27149154931430732352012-07-04T15:23:00.000-07:002012-07-04T17:15:35.288-07:00Um cão chamado Paquito<br />
<h3 style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #b45f06;">Meu encontro com Paquito.</span></span></b></h3>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Travada e vencida todas as batalhas das adaptações à nova casa e
família, fui ter meu primeiro dia de aula na nova escola. Além de ser uma nova
cidade e nova escola eu também estava estreando um novo período: o noturno.
Nunca havia estudado durante o período noturno. Achei estranho, mas
acostumei-me.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando terminou meu primeiro dia de aula noturna voltei correndo para
casa com fome e com sono. Desesperadamente, fui logo metendo a mão na tramela do
portão para abri-lo, quando olho mais atentamente percebo algo se mexendo na
varandinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Surpresa! Alguém se esqueceu de me avisar que naquela casa havia um
cachorro, que ficava preso durante o dia e solto ao escurecer. Ah, e também se
esqueceram de avisar ao cachorro que havia uma nova moradora naquela casa. De
pouca carne e ossos finos, mas que poderia dar um bom petisco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando o cão ouviu ruídos de passos se aproximando do portão e o barulho
da tramela deu um salto e veio com tudo em minha direção e eu recuei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Que susto. Fiquei branca de medo. Minhas pernas bambearam e meus olhos
se turvaram. E agora? O que fazer? Naquele tempo não existia celular e pela
escuridão, todos já estavam dormindo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">O jeito era esperar o cachorro se distrair para eu abrir o portão,
correr e entrar. É, parecia que a noite seria longa. Fiquei com câimbra nas
pernas de tanto esperar esse cachorro sair de frente da porta da cozinha pra eu
entrar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Depois de sabe-se lá de quanto tempo, passou um cavalo na rua, em frente
da casa, e ele saiu correndo. E então, silenciosa como um gato. Numa rapidez
nunca vista. Abri o portão. Entrei. Fechei-o e corri até a porta da cozinha,
que era a mais próxima. Abri a porta e entrei. Ufa. Quando estava terminando de
fechar a porta ainda pude sentir o bafo do cão que já estava de volta ao posto
original.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Essa foi por pouco. Finalmente pude me recompor, comer e dormir. E no
dia seguinte fui, finalmente, apresentada ao Paquito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Um cachorro solitário que passava seus dias preso numa corrente ao lado
de sua casinha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Minha irmã não gostava do Paquito, quer dizer, ela não gostava de cães.
Por isso ele só podia circular livremente pelo quintal depois que ela se
recolhesse para dormir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ao contrário de minha irmã, meu cunhado amava profundamente aquele cão.
Paquito era seu amigo fiel. Parceiro das madrugadas de domingo quando partiam
felizes pela mata afora para caçarem codornas ou pacas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando meu cunhado viajava para comprar suprimentos, ao retornar
de viagem, ele, antes de qualquer coisa, ia ao quintal olhar como estava seu amigo
fiel. Então ele conversava e acarinhava o animal. Depois ia para a cozinha e
preparava um cozido de bofe com fubá para o Paquito se esbaldar. Havia uma
cumplicidade e uma amizade além do explicável. Só depois é que meu cunhado ia
para a loja conversar com minha irmã e as funcionárias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Parecia que Paquito sabia que minha irmã não gostava dele, pois ele
quase não latia. Ficava sempre deitado, dormindo. E minha irmã sempre falava:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Esse homem parece gostar mais do cachorro do que do resto. Ele chega
de viagem e mal coloca a mala no chão e vai correndo olhar o animal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Eu sempre achei meu cunhado uma pessoa reservada e séria. Um homem de
poucas palavras. Em apenas dois momentos eu via seus olhos brilharem e voltar a
ser como uma criança. Uma era quando ele brincava com sua pequena filha
fingindo ser um cavalo e a colocava sobre suas costas para a pequena cavalgar. Os
dois ficavam um bom tempo brincando de pocotó, pocotó. E o outro momento era quando estava junto do
Paquito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPnMuE4TIUnTO2m-dewWU-Jsb9XVuHm-cF_NWriOn2pdIDu9TWAPg8lSORUQY4pwBLPIliq5rYIDnHY2w_7rUWdkRcXHDcSxA7nXKPEBwWFe-bhhMTGsjdSOOx03cq9R0jvjBWrhhPTY_R/s1600/PointerIngles.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPnMuE4TIUnTO2m-dewWU-Jsb9XVuHm-cF_NWriOn2pdIDu9TWAPg8lSORUQY4pwBLPIliq5rYIDnHY2w_7rUWdkRcXHDcSxA7nXKPEBwWFe-bhhMTGsjdSOOx03cq9R0jvjBWrhhPTY_R/s1600/PointerIngles.png" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Paquito era uma figura. Da raça <i>pointer</i> inglês, ele era caçador. Ia à frente de
meu cunhado pelas invernadas. Quando via uma codorna o seu corpo enrijecia, o
rabo esticava e apontava na direção da caça para o meu cunhado atirar. Formavam
uma boa dupla.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Diversas vezes sitiantes, amigos do meu cunhado, pediam o Paquito
emprestado para alguma caçada. Meu cunhado não negava o empréstimo. Aí no dia
seguinte a pessoa voltava à loja muito sem jeito, pois o Paquito, inexplicavelmente, havia fugido do
sítio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Minha irmã ficava com um risinho de felicidade com o sumiço do bicho.
Este sorriso durava, às vezes, uma semana, porque dia menos dia a gente ouvia
uma batida na porta e meu cunhado corria para abrir com a certeza de que era
Paquito voltando para casa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Sujo e mais magro. Ele sempre voltava não importando
quão distante era o sítio que fugira. Ele sempre voltava pra casa, para a
alegria de uns e tristeza de outra... Se ele pudesse falar, acho que diria:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Engula esse riso de vitória mulher, porque o Paquito está na área.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Às vezes meu cunhado colocava a mim e a pequena no banco traseiro do
carro e falava:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Vamos levar o Paquito pra passear?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Meu cunhado dirigia pela cidade e o Paquito corria atrás do carro. Eu
olhava para trás sempre imaginando que o cão não alcançaria o carro e que iria
se perder. Ao invés disso eu via aquele cão magrelo, branco com pintas marrom e
orelhas ao vento. Suas enormes orelhas balançavam como flâmulas enquanto sua
língua pendia fora da bocarra. De vez em quando o perdíamos de vista, mas logo
ele nos alcançava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Com o tempo Paquito tornou-se meu amigo, quer dizer, nos acostumamos um
com o outro. Ele me esperava chegar da escola todas as noites. Ficava sentado
na esquina e quando me via corria ao meu encontro e voltávamos lado a lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">De vez em quando o Paquito se soltava durante o dia, e por vezes me colocou
em apuros. Quando eu descia a única avenida comercial da cidade ele me acompanhava. Ao passarmos
pelas lojas de tecidos o danado do cão parava em frente aos rolos de tecido que
ficavam escorados na porta para chamar a freguesia. E ele simplesmente levantava
a perninha e tirava a água do joelho... E eu? Ah, eu fazia cara de paisagem e
acelerava o passo antes que o turco percebesse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Paquito era lindo, irresistível mesmo. Havia um médico na cidade que
tinha um canil com diversos cães de raça de pequeno porte. Quando chegava o
período do cio era uma operação de guerra. O médico montava um arsenal de coisas tentando impedir que Paquito invadisse o canil para namorar as donzelas no cio.
Infelizmente não havia muro, cerca ou gradil que pudesse impedir um cão como o
Paquito. Cheio de amor pra dar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E o amanhã? O amanhã fica para amanhã. O médico pedindo explicação e meu
cunhado sem ter o que explicar. O Paquito? Dormindo com um sorriso de orelha a
orelha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Hoje Paquito deve estar correndo pelas pradarias celestiais e nos sonhos do meu cunhado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-74576370848613078772012-06-26T15:11:00.000-07:002015-05-07T11:46:57.301-07:00A cidade e o tempo<br />
<h3 style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #b45f06;">As mulheres cabeça de
astronauta.</span></span></b></h3>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Desde que saí de São Paulo e fui parar naquela cidade a minha vida
tornou-se um saquinho de surpresas. Sempre havia novidades, umas boas outras
nem tanto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">A começar pela cidade, que era oposto a São Paulo. Uma cidade minúscula,
menor que o bairro onde minha família morava, sem asfalto, sem rede de esgoto, sem pontos turísticos. Uma cidade empoeirada, com homens de chapéus montados em seus cavalos circulando pela cidade e famílias empoleiradas
nas carroças que vinham dos sítios fazer compras na cidade. Estacionados em frente ao comércio, ao invés de carros, ficavam cavalos, carroças e uns poucos carros. Muito diferente do
caos da cidade grande.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Eu lembro de que minha irmã me ensinou que as famílias dos sitiantes vinham
para a cidade em suas carroças, mas as mulheres que trabalhavam na “casa de
tolerância” vinham de charretes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Essas mulheres, de tempos em tempos, saíam do prostíbulo para fazerem
compras na cidade. Certa vez eu estava na loja quando duas delas entraram e vieram até mim e perguntaram:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Você tem toalhinha higiênica?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E eu lá sabia o que era toalhinha higiênica? Então peguei as toalhas de
rosto que havia na loja e coloquei sobre o balcão. Abri para elas olharem. E
então a mulher com um sorrisinho maroto falou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- É só isso que vocês têm? Isso não é toalha higiênica. Você sabe como é
uma toalha higiênica? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Eu fiquei muda, paralisada, com cara de “Hã”. E então ela olhou para a
amiga, deu risada e foi saindo em direção à porta quando olhou para mim e disse
para todos ouvirem:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Aposto que ela nem sabe para o que serve uma toalhinha higiênica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E saíram da loja dando gargalhadas enquanto eu queria que o chão se
abrisse para eu entrar. Meu rosto queimava. Eu queria ir embora dali, pois
todos começaram a rir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Realmente, essa cidade era diferente. Parecia que ela ficava dentro de uma bolha.
Que tinha parado no tempo. A cidade e o tempo. As músicas que faziam sucesso por lá já não
tocavam mais nas rádios de São Paulo. Eram as “músicas antigas”. Eu falava de músicas que tocavam nas rádios de São Paulo e as pessoas não as conheciam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E novela então? As pessoas quando descobriam que eu era de São Paulo
queriam saber sobre os acontecimentos das novelas. Sim, isso mesmo. As novelas não
eram transmitidas simultaneamente como hoje. Elas eram repetidas com muitos
dias de atraso. <o:p></o:p></span><span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 16px;">Muitas vezes eu me perguntava: "Em que lugar eu vim parar?"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ah, por um bom tempo eu fui o centro das atenções. Todos queriam se
aproximar de mim para saber o que se vestia, se dançava, se falava em São
Paulo. Mal sabiam que eu era uma menina criada com rédeas curtas que ia de casa
para a escola e da escola para casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Como diria uma pessoa muito próxima: “Quando se chega nesta cidade, você
sente como se tivesse atravessado um portal e voltado no tempo”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Na cidade havia o famoso alto-falante. Ah, e
como ele era falante. O dia inteirinho tocando músicas da terra e fazendo
propaganda do comércio local. Começava de manhã bem cedo e terminava
pontualmente às seis da tarde com a música e a oração da Ave Maria. Quando a
música da Ave Maria começava a tocar antes de findar o dia, toda a cidade era
tomada pelo silêncio absoluto, pois ela só era tocada antes do final do
expediente para anunciar o falecimento de algum morador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Era uma cidade, com uma única avenida principal que começava na igreja
matriz e terminava na casa da meretriz. As diversões se resumiam a churrascos
nos sítios dos amigos, a um único cinema que passava apenas filmes antigos, e ao
clube da cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Por isso, os bailes que realizavam no clube eram verdadeiros
acontecimentos. A cidade ficava num verdadeiro alvoroço. As costureiras,
coitadas, tinham que fazer cópias exatas dos vestidos de festa das revistas de
moda, e depois fazer horas extras para dar conta de todas as encomendas de
vestidos para o baile. Afinal, não era de bom tom uma moça da “sociedade”
repetir um vestido de baile. Que horror.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Na loja era um verdadeiro congestionamento de mulheres
buscando fitas de cetim e veludo, rendas, botões para serem encapados com
tecidos finos. Tudo para não fazer feio no dia do baile.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Outra coisa imprescindível era na hora de fazer a reserva da mesa do
baile. Tinha que se escolher aquela com visão privilegiada, e assim poder
assistir a entrada de todos os participantes e comentar os vestidos mais
bonitos e os mais acanhados. O casal mais bonito. Quem brilhou e quem foi ofuscado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Melhor que o baile, só mesmo o dia seguinte na rodinha de amigos pra
dissecar o acontecimento e extrair assunto para até o próximo baile.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Os bailes sempre aconteciam aos sábados. Neste dia havia uma invasão de
cabeçudas na cidade, pois as mulheres, diferentemente das atuais que passam os
cabelos a ferro para alisar, elas enrolavam os cabelos com bobs (ou bobes?) enormes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Sobre os bobs colocavam um lenço colorido. O que acabava chamando mais a
atenção para suas cabeças. E elas saíam pela cidade com cabeções enormes,
parecendo estar usando capacetes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv5fV4hTMPqENVirFU7fG1bRrRzUfQmN3rVQiabFVh034mV_3t_cqT6zKne0tYzMTShJaolpgFRQMJCrKoiyUIvjFLZOs8OwUBBbAVUahCWTcjjOM43XOIR5DRv025c80zbWw0c9o7AE4m/s1600/Bobes.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv5fV4hTMPqENVirFU7fG1bRrRzUfQmN3rVQiabFVh034mV_3t_cqT6zKne0tYzMTShJaolpgFRQMJCrKoiyUIvjFLZOs8OwUBBbAVUahCWTcjjOM43XOIR5DRv025c80zbWw0c9o7AE4m/s1600/Bobes.png" /></a><span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ninguém ligava pra isso. Acho que era <i>fashion,</i> uma verdadeira profusão de “dona Florinda”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Depois de certo tempo eu já havia deixado de ser a menina da cidade
grande para virar a menina da cidade que parou no tempo; que em dia de baile ficava com cabeça de astronauta.
Ou seria “dona Florinda”? Certo cabeção?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Eu sei que disse para alguns que escreveria sobre meu encontro com Paquito, mas prometo postar na próxima semana. Por enquanto, me imaginem com quatorze anos, quarenta quilos e uma cabeça cheia de bobs (ou bobes?). Uma mini dona Florinda. Devia ser uma coisinha linda. </span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ah, acabei de me lembrar do baile especial em que houve uma apresentação de balé clássico e na hora em que a primeira bailarina deu um salto a roupa dela... Coitadinha, que vexame. Nem te conto. Ou conto?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Por enquanto é só pessoal. Se quiser comentar não se sinta acanhado(a). Vá em frente e chuta o pau da barraca</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 0cm 0cm 2.05pt 18pt; text-align: right;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i>por Heloiza Grando ou Helo Helena</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 0cm 0cm 2.05pt 18pt; text-align: right;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 2.05pt; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 11.55pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-73813353267937768932012-06-19T17:46:00.000-07:002012-06-22T07:24:47.473-07:00De que cor é a alma? - Parte 3<br />
<h3>
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #b45f06;">De que cor é a alma?</span></span></b></h3>
<h4>
<b><span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #e69138;">Ela é redonda ou quadrada?</span></span></b></h4>
<b><span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"> </span></b><br />
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">De banho tomado, mictório enfrentado e vencido,
era hora de fazer um rápido reconhecimento de área. Então comecei um pequeno
tour pela casa. Ela fazia frente para uma rua que era travessa da avenida
principal da cidade. Havia sido construída nos fundos do terreno, e por isso
tinha um grande quintal na frente da casa. </span><br><br/>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Geralmente casas de madeira são construídas acima
do nível do chão de terra para proteger de animais rasteiros e também para
conservar a madeira por mais tempo. Então para chegar até a varanda havia uma
escada com uns quatro degraus. Desta varanda podia-se entrar na sala de estar.
Depois havia um pequeno e estreito corredor com dois quartos, um em frente ao
outro. O corredor terminava na cozinha e banheiro, e a porta da cozinha saía
numa pequena varanda onde havia em frente um tanque de cimento para lavar roupas,
de um lado o mictório e do outro um pé de limão.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ah, se esse limoeiro pudesse falar. Foi meu companheiro de alegrias e
tristezas. Sempre que podia eu estava no pequeno limoeiro. Gastava um tempo
comendo limão com sal. Uma delícia para quem gosta, é claro.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Então minha irmã interrompeu meu tour
e falou: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Daqui a pouco você coloca a “filhota”
na cama e conta uma historinha para ela dormir. Você precisa colocá-la para
dormir todos os dias depois da hora do almoço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E eu pensei: “Uai! É assim que
funciona? A gente conta uma história e a criança dorme? Plim! É mágico? E se
ela não estiver com sono? O que eu faço?”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Percebi que o grande desafio estava
por vir e eu precisaria ganhar a confiança e a amizade daquela pequena de
cabelos cacheados, e de quebra realizar a proeza de fazê-la dormir todos os
dias no iniciar da tarde. Como diria um amigo: “Facin, facin!”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E chegou o grande momento. Convidei a
menina para irmos até o quarto porque eu iria contar-lhe uma historinha bem
bonita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Coloquei-a na cama, descalcei suas
botas e pedi que fechasse os olhos. E comecei:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Era uma vez...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Contei uma história longa, cheia de
detalhes, misturei príncipes e princesas, sapos, bruxas e toda a sorte de personagens. E a
pequena estava deitadinha, de olhinhos fechados e com a respiração tranquila. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ah, que alívio. “Facin, facin”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Também, com uma história assim até eu
dormiria. Então eu me levantei devagarzinho, pois estava ajoelhada ao lado da
cama e fui saindo de mansinho. Foi quando ouvi uma vozinha:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Conta de novo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Você não dormiu? Quer que eu conte
a mesma história? Não pode ser outra? Chapeuzinho Vermelho? Os três porquinhos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E ela repetiu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Conta de novo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Por essa eu não esperava. E agora?
Como repetir aquele conto de fadas “Frankstein”? Como eu poderia adivinhar que
a menina não pegaria no sono com uma história tão longa? Ao invés disso, o que eu
causei nela foi pura curiosidade e vontade de ouvir mais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E então eu contei novamente a
história, mas não exatamente igual à primeira, pois não seria capaz de repeti-la.
E ela ainda de olhinhos fechados e um leve sorrisinho nos lábios ouvia a minha
história. De novo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando terminei de contar eu já
estava exausta e ela mais uma vez sem abrir os olhos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Conta de novo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando eu, esgotada, já estava terminando
de contar a mesma história pela décima vez, sentada no chão, tronco sobre a
cama e com os olhos quase fechados de sono. Eis que a pequena arregala os olhos
e saca uma, duas, três pergunta a queima roupa:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Tia, alma tem cor? De que cor é a
alma? A alma é redonda ou a alma é quadrada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Enquanto perguntava foi logo se
sentando na cama toda serelepe, com um pontinho de interrogação na testa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E eu, no alto dos meus treze anos de
vida, fiquei atônita olhando para aquela menina que me fez contar a mesma
história umas dez vezes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quase me botou pra dormir. E ainda de quebra me colocou
em xeque, porque eu não sabia a resposta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Afinal a alma tem cor? De que cor é a
alma? A alma é redonda ou a alma é quadrada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Será que essa menina, hoje mulher,
encontrou a resposta? Ou será que hoje, assim como eu, ela olha para um lindo
rostinho com um par de olhos escuros e escuta a pergunta que não quer calar:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Mãe, de que cor é a alma? Ela é
redonda ou quadrada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-42195350879722207102012-06-11T19:23:00.002-07:002012-06-12T06:04:02.388-07:00De que cor é a alma? - Parte 2<h2>
<b><span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;">De que cor é a alma? </span></b></h2>
<h2>
<b><span style="color: #b45f06; font-family: Verdana, sans-serif;"> Ela é redonda ou quadrada?</span></b></h2>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<h3>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><span style="color: #e69138;">Banheiro: Usos e Costumes. </span></b></span></h3>
<h3>
<b style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 12.75pt;"><span style="color: #e69138;"> Nem sempre
é tão fácil quanto parece.</span></b></h3>
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 12.75pt;"><br /></span><br />
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 12.75pt;">Quanto tempo eu iria ficar lá? Qual a
minha experiência no assunto? Porque eu? Sinceramente? Essas eram perguntas que
martelavam minha mente e eu tinha medo das respostas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Minha irmã foi logo dizendo:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vamos entrar, pois você deve estar
cansada e precisa tomar um banho. Venha colocar sua bagagem aqui. Olha só. Eu
já comprei algumas roupas para você. Toma um banho, escolhe para vestir uma
dessas peças que estão na gaveta. Depois eu te ajudo a arrumar suas coisas no
armário. Você vai ficar no quarto da minha “filhota”. Assim uma faz companhia à
outra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Olhei para a gaveta, puxei-a
cuidadosamente e observei que ela estava recheada de roupas novas. Qual mulher
ou menina não gosta de roupa nova? Escolhi um par de shorts vermelho com
elástico na cintura e uma aplicação colorida na barra. Minha irmã sugeriu uma
camiseta azul para combinar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então ela me conduziu até ao
banheiro. Eu levei um susto. Eu morava em São Paulo há quase sete anos, e já
não lembrava mais de como eram alguns banheiros no interior da região sul. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhDPJJZwbdL7Hvc-uVKchjMzwvLNGaLx3zj82tcv82zlUfLEfi-_bu5y7L9jVlBl8sqioNIzxSyrLPVqrb4nQ4xZQSAT3eyiVK_b59LhyphenhyphenYmi8qJXrSE_b4ZintsP2eiDoKwoZVpp6zQpGM/s1600/ChuveiroBalde.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhDPJJZwbdL7Hvc-uVKchjMzwvLNGaLx3zj82tcv82zlUfLEfi-_bu5y7L9jVlBl8sqioNIzxSyrLPVqrb4nQ4xZQSAT3eyiVK_b59LhyphenhyphenYmi8qJXrSE_b4ZintsP2eiDoKwoZVpp6zQpGM/s1600/ChuveiroBalde.png" /></span></a><span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu esperava algo como um cômodo com paredes
e piso azulejados, vaso sanitário, uma pia com água corrente e um Box com
chuveiro. E o que encontrei foi um cômodo pequeno com paredes de madeira, piso
de cimento liso e com chuveiro de campanha, ou chuveiro de balde, como alguns
costumam chamar. </span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 12.75pt;">Então minha irmã perguntou:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sabe como usar esse chuveiro?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu balancei a cabeça negativamente e
ela então continuou:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tá vendo aquela cordinha ali do
lado? Pra sair água você precisa puxar ela. Pra parar é só soltar a cordinha.
Primeiro você puxa, deixa a água molhar o corpo, depois você solta a cordinha,
se ensaboa e aí puxa novamente a cordinha para se enxaguar. Cuidado para não se
molhar demais antes de ensaboar porque pode faltar água para o enxague. E se
demorar muito a água pode esfriar e acabará o banho com água fria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De repente perdi a vontade de tomar
banho, mas depois lembrei que eu não estava fazendo uma visita. Eu havia vindo
para ficar. Portanto, eu precisava encarar aquele chuveiro. Afinal seria nele
que eu tomaria meus banhos por algum tempo. Por quanto tempo? Eu me
perguntava...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vencido o desafio de aprender a usar
e controlar a água do chuveiro, eu já estava pronta para o outro desafio que
era descobrir onde ficava o vaso sanitário da casa. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com a voz baixa e trêmula de
vergonha, perguntei onde ficava o banheiro, e para minha surpresa minha irmã
apontou para o quintal aonde se avistava uma casinha de madeira. Era o
mictório. Mic para os íntimos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Temerosa, caminhei até a casinha (ou
mic). Abri a porta. Ela era toda de madeira, inclusive o piso. No centro dele havia um buraco escuro (era uma fossa)... Um desespero bateu
no meu peito. Um medo avassalador invadiu o meu corpo. Percebi que não existia
vaso sanitário, nem um botão para apertar e dar a descarga. Descobri que cada
vez que precisasse fazer o "número um" ou o "número dois" precisaria enfrentar o meu
medo de cair dentro do buraco negro, e entrar naquela casinha construída sobre a fossa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitas mulheres (e eu me incluo entre
elas) têm dificuldades de irem ao banheiro fora de suas casas (quando viajam,
no trabalho). Acredito que no meu caso, especificamente, foi neste dia que meu
intestino se rebelou e declarou guerra. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<h2>
</h2>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cada vez que eu sentia vontade de ir
ao banheiro, imediatamente a minha imagem caindo no buraco negro vinha à minha
mente e a vontade dissipava como uma nuvem passageira.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por muito tempo eu sonhei que entrava
na casinha e ao pisar no chão de tábuas ele se abria e eu caía na mer...<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se você pensa que as surpresas terminaram por aqui não perca o <i>post</i> da próxima semana.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="color: #2a2a2a;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">To be
continued</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></i></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-38648710198125391302012-06-04T11:00:00.002-07:002012-06-04T11:06:57.067-07:00De que cor é a alma? - Parte 1<div style="text-align: left;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #b45f06;">De
que cor é a alma? </span></span></b></div>
<div style="text-align: left;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 14pt;"><span style="color: #b45f06;"> Ela é redonda ou quadrada?</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 12.75pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 12.75pt;"><br /></span><br />
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 12.75pt;">Eu me sentia insegura assustada e, um
pouco sem saber como me comportar diante daquele homem que eu vira pela última
vez quando tinha uns seis ou sete anos...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">E eu estava com apenas treze anos. Era
julho de 1974. Entrei no ônibus com aquele homem de poucas palavras... Viajamos
por toda a noite e ele só falou comigo duas ou três vezes. Perguntou se eu
estava com fome, com frio e depois, a certa altura da madrugada, ele abriu sua
mala, retirou de dentro duas toalhas de banho e cobriu-me. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Quando nós partimos de São Paulo eu
vestia apenas uma calça e uma camiseta de mangas longas. Em minha infantil
ingenuidade não pensei que pudesse esfriar durante a madrugada, e j</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">ustamente</span><span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"> naquela noite geou... Estávamos no mês de julho. Eu me enrolei e me
encolhi debaixo daquelas toalhas rezando para que chegássemos logo, mas pelo
contrário. Parecia que a viagem durava uma eternidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">A certa altura da madrugada, o
motorista parou para abastecer e depois num outro momento para jogar água nos vidros
do para-brisa, pois os mesmos estavam com uma camada fina de gelo que impedia a
visão, e como consequência, de seguir a viagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Finalmente, chegamos a uma pequena
cidade umas doze horas depois de termos partido de São Paulo. Transferimos
nossas malas do ônibus para o carro que estava nos aguardando... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">A viagem não havia acabado, pois não
tínhamos chegado ao destino. Novamente pegamos a estrada. Desta vez, de carro.
Já não estava mais frio como a madrugada. Eu ia olhando a paisagem cheia de
plantações de café e de pastagens com gado bovino. Enquanto aquele homem
dirigia rumo ao desconhecido... Pelo menos para mim era desconhecido...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Depois de duas horas sacolejando
dentro do carro, chegamos àquela minúscula cidade. O carro percorreu uma
avenida larga e empoeirada só parando diante de uma loja. Não dava para ver as
paredes dessa loja, nem por fora, tampouco por dentro. Elas estavam cobertas de
malas, bolas coloridas, roupas. Toda a sorte de produtos... Tudo ficava exposto.
Dava a impressão de que havia mais coisas do que aquele espaço podia comportar.
Uma verdadeira explosão de cores e formas. De material escolar a apetrechos
para caça e pesca; de presentes para casamento a vestidos de noiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">De repente, saiu detrás do balcão
minha irmã com um enorme sorriso estampado no rosto. Sua barriga estava imensa,
roçava em tudo e todos, até parecia que ia explodir. Deu-me um abraço apertado
e foi logo perguntando sobre a viagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Enquanto isso, o homem de poucas
palavras, que era seu marido, meu cunhado, passou para o lado de dentro do
balcão da loja e foi dando ordens para suas funcionárias que corriam de um lado
para o outro procurando atender as demandas do patrão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Minha irmã pegou-me pela mão e foi me
levando pela calçada. Eu estava aturdida pela viagem cansativa e longa, e
também pelo novo cenário que se descortinava diante dos meus olhos. Então pude
perceber que ao lado da loja havia um açougue. E minha irmã parou diante do
açougue e falou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- É a minha irmã Detinha. Veio de São
Paulo fazer companhia para a minha filha e me ajudar quando o bebê chegar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Detinha era a mulher do açougueiro.
De origem nordestina, pele dourada e um sorriso encantador. Também era mãe de
um menino encapetado, que fazia arte sem parar. Vivia para aprontar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Seja bem vinda menina. Depois passa
lá em casa pra gente prosear.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"> Ao lado do açougue havia um corredor largo, de
chão batido e sem portão. Esse corredor dava acesso à casa do açougueiro e da
mãe dele, e no final deste corredor tinha um portão para a casa da minha irmã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">A casa era toda de madeira, sem
pintura, com uma varanda na parte da frente e uma varandinha nos fundos. Aliás,
todas as casas ali eram de madeira sem pintura. Também havia uma casinha menor
ao lado da varandinha que era o mictório.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Ela girou a tramela e empurrou o
portão dizendo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">- Oiiii. Advinha quem chegou? Olha
quem a mamãe trouxe pra brincar com você: A tia Luiza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Minha irmã falava com voz de bebê. A
princípio achei esquisito, mas depois me acostumei e até incorporei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Olhei ao lado da casa e vi uma
menininha agachada brincando no terreiro (quintal). Ela virou-se calmamente e
então pude ver um par de olhinhos curiosos a me observar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Foi nosso primeiro encontro. Aquela
menina franzina, de rosto redondo emoldurado por lindos cachinhos castanho escuro,
e com enormes olhos castanhos. Ela vestia apenas uma calcinha cheia de
babadinhos e laços. Observando melhor, percebi que calçava um par de botas ortopédicas
que pareciam serem desconfortáveis e pesadas. Dava aflição olhar um ser tão
pequenino e frágil dentro daquele par de botas pesados e sem graça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">Eu não sei o quanto ela sabia sobre
mim, mas eu também não sabia muito sobre ela. O que eu sabia era que minha mãe
havia me despachado de São Paulo para o Paraná, aos treze anos de idade, para
fazer companhia à filhinha da minha irmã e também para ajudá-la depois que o
bebê nascesse. Quanto tempo eu iria ficar lá? Qual a minha experiência no
assunto? Porque eu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;">To be continued... :D<o:p></o:p></span><br />
<span style="color: #2a2a2a; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-9340559266409700052012-05-26T11:48:00.002-07:002012-05-27T11:16:46.082-07:00Mistério<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Atenção! Atenção! Esta manhã foi encontrado </span><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">um corpo estranho</span><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;"> num jardim de uma casa qualquer. Morto. Mutilado! Estrebuchado!
Ele estava caído na grama, todo retorcido e apresentava marcas de mordidas pelo
corpo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Pela posição da vítima e os ferimentos nela apresentados, tudo leva a
crer que, no fatídico dia do ocorrido, o pobre corpo sofreu terríveis agressões
antes de ser abandonado no jardim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E lá ficou agonizando. Esperando por socorro. Por quanto tempo ele ficou
caído na grama aguardando ser encontrado? Uma cena triste. Um verdadeiro
mistério. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Mas atenção! Uma testemunha, que não quis se identificar, nos informou
que o corpo fora atacado por dois cães ferozes. E esses cães investiram contra
a vítima sem dó nem piedade. Eles morderam, machucaram e finalmente arrancaram partes
da pobre vítima. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Arrastaram-no por toda a noite? Quem sabe? Uma longa noite de terror
e sofrimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Mas não se engane meu caro leitor. Este mistério foi solucionado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E tudo começou quando...</span><br />
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Ao findar do dia, João Batista saiu de sua loja e
foi para casa. Chegando a sua casa acomodou-se na poltrona da varanda para fumar seu cachimbo. Tirou os óculos e os colocou sobre a mesinha lateral
enquanto ouvia o barulho dos pássaros no cair da tarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E João Batista ficou na varanda por algum tempo se deliciando com o
aroma exalado pelo cachimbo enquanto ouvia a deliciosa música da natureza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">No dia seguinte, quando João Batista se preparava para sair de casa e abrir
sua loja, percebeu que não sabia aonde havia deixado os óculos. Olhou na
mesinha de cabeceira, na cômoda, no banheiro. Não estavam. Então se lembrou de
procurar na varanda. Também não estavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Pensou: - Devo tê-los deixado na loja.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Chegando à loja ele procurou em todos os cantos e nada. Então ordenou
aos funcionários que abandonassem suas funções para se embrenharem na caçada ao
par de óculos fujão. Nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E João Batista pensou: - Mas aonde eu poderia ter deixado meus óculos?
Será que alguém os escondeu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Mas, não, não, meus queridos. O pobre e indefeso par de óculos jazia em
algum canto do jardim, de sua casa. Quando João Batista colocou-os sobre a
mesinha, devem ter escorregado e caído atrás dos arbustos. E infelizmente foram
encontrados, durante a noite, pelos cães de guarda da casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E esses cães morderam, entortaram a armação e finalmente arrancaram uma lente.
Armação torta de um lado. Lente com marcas de dentes jazia do outro lado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Como diria um amigo meu: - Deu “PT” (perda total) no pobre par de óculos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Até o momento, não sabemos se o pobre par de óculos poderá ser
restaurado. Só nos resta aguardar o que o técnico da ótica dirá. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">E assim termino esta notícia, com o fim do misterioso desaparecimento
dos óculos de João Batista que se iniciou na noite anterior e terminou nesta
tardinha de sábado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Caro leitor, esses cães foram heróis ou vilões? Afinal eles encontraram
os óculos que estavam perdidos. Mas em compensação não deixaram lente sobre
lente. E as lentes ficaram cheias de mordidinhas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Fim do mistério: Foi encontrado o par de óculos fujão!<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1SQvdSEBurwfp96z8VZxC1ogqUd1tmTc-IoSqjadfAAes89HqIsh4NFE5BhLNnWUDYROPCn5fLVIJp9rbeiRU7g67LMPFh2mE2rSPzU8i-t0aQQOOCe7HdeUY9i52bzaN1O54SADco2ks/s1600/OCULOS.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1SQvdSEBurwfp96z8VZxC1ogqUd1tmTc-IoSqjadfAAes89HqIsh4NFE5BhLNnWUDYROPCn5fLVIJp9rbeiRU7g67LMPFh2mE2rSPzU8i-t0aQQOOCe7HdeUY9i52bzaN1O54SADco2ks/s320/OCULOS.png" width="320" /></a></div>
<span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-81816604351718342412012-04-23T12:05:00.000-07:002012-04-23T12:10:32.911-07:00A Partida (na visão de quem fica)<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Introdução:<i> <span style="font-size: x-small;">Facebookando</span></i><span style="font-size: x-small;"> com o Rodrigo Arnaut, ele comentou que estava realizando um filme chamado "A partida". O filme fazia parte </span></span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: x-small;">de um projeto transmidia do grupo (nascido nas reuniões de estudos na ESPM) chamado Era Transmidia. Devido a minha empolgação sobre o assunto Rodrigo lançou-me um desafio: Deu-me 24 horas para criar alguma coisa que pudesse ser aproveitada no projeto.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Então ele enviou o roteiro criado pelo Eduardo José Jatobá. E baseado no que eu vi, resolvi fazer um texto sobre "A partida", mas na visão dos pais que ficaram no interior, sem notícias. Foi aí que surgiu a carta da mãe, dona Martha. Mas como esta carta poderia surgir nas mãos do filho que partiu sem deixar endereço? Lendo o roteiro, vi que havia a personagem Solange, dona de uma venda. Esta personagem serviu-me de ponte para fazer a carta chegar nas mãos do filho que partiu. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: x-small;">Pedi autorização ao Rodrigo Arnaut para compartilhar aqui no blog o texto que criei. Espero que gostem.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><b>A Partida (na visão de quem fica)</b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Oi Jatobá
tudo bem? Envio esta mensagem porque estou num tremendo dilema e preciso da sua
ajuda. Você sabe que morei muitos anos numa cidadezinha no interior de
Pernambuco antes mudar para Recife.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pois então,
nesta cidadezinha, que mais parecia um vilarejo, eu tinha uma loja que
vendia de tudo. Era a única venda da região. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E tinha uma senhorinha muito simpática, que era minha freguesa,
seu nome era Martha. Ela era casada com seu José e os dois viviam da lida na roça. Seu único filho, que
era o radialista da cidadezinha, resolveu partir para São Paulo em busca de
melhores oportunidades.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certo dia eu
estava na minha venda quando dona Martha apareceu e me pediu um favor. Ela
perguntou se eu ajudava a escrever uma carta para o filho que partira para São
Paulo, e também se eu podia enviar a carta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fiquei tão
desconcertada com o pedido, que ao ver a carinha dela triste e sofrida,
aceitei. Mesmo sabendo que seria impossível enviar a carta sem ter o endereço
do destinatário. Principalmente num lugar imenso como São Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bem, eu
ajudei-a na cartinha e me comprometi a dar um jeito dela ir parar nas mãos do
filho amado. Claro que isso não aconteceu. Não tive coragem de dizer a verdade
ao ver seus olhinhos cheios de esperanças. E acabei guardando a carta numa
caixa qualquer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esses dias eu
encontrei uma conhecida, lá da cidadezinha, e ela falou que o filho da dona Martha voltou para buscar os
pais e a namorada, mas seus pais já haviam falecido. E essa conhecida comentou
que o filho João voltou à São Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Remexendo
meus guardados encontrei a cartinha de dona Martha, e eu estou enviando-a para
você, que mora em São Paulo, localizar o João e entregá-la. Acho que ele tem o
direito de ficar com ela, mesmo tendo passado tanto tempo. Ele merece saber o
que sua mãe estava sentindo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu soube que
ele trabalha numa rádio aí em São Paulo. E se eu não me engano a rádio se chama 27 Estrelas. Com
essa coisa de redes sociais (Facebook, Twitter), e eu sei que você gosta disso,
acho que fica fácil de localizar o filho da dona Martha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Obrigada
amigo, fico te esperando aqui em Recife pra gente tomar aquela cervejinha gelada
na praia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ah, eu reescrevi
a carta dela, mas vou anexar a original que a dona Martha escreveu. E aí você
resolve se entrega ou não para o moço.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(Carta da
dona Martha)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Meu filho amado.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">To aqui na venda da Dona Solange pra ela me ajudar a
escrever pra você. Você sabe que eu mal e mal sei escrever. Então pedi pra Dona
Solange me ajudar.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Você desculpa meus erros, mais quis escrever de próprio
punho essas poucas palavras.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Filho amado. Quando partiu levou contigo um pedaço de mim.
Levou também as cores das flores, da relva e do céu. Também levou contigo os
sabores e o doce do mel. E fiquei aqui sentindo apenas o gosto do fel.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Filho amado. Seu pai e eu temos vivido da lida da roça de
sol a sol, chegando cansados em casa e encontrando um vazio de doer o peito.
Seu pai, coitadinho, num fala nada, mas eu vejo no rosto dele o sofrimento da
saudade e da falta que você faz.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Depois que partiu fiz o que pediu, soltei o canário.
Quando abri a gaiola ele voou para a árvore em frente e ficou lá por dois dias
antes de alçar voo para o mundo. Como você, meu filho.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i><span style="line-height: 115%;">O Lobo ficou uns três dias sem comer, amuado num canto.
Achei até que ele não ia aguentar. Sabe, todos os dias bem na horinha que </span></i><i><span style="line-height: 115%;">você chegava em nossa casa, do trabalho, o Lobo vai pra frente do portão e
fica sentado esperando, esperando, esperando...<o:p></o:p></span></i></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><b><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Assim como o Lobo, eu também te espero. Quando vou deitar,
passo pela sua cama pra dar boa noite, mas ela está vazia. Sabe aquele bolo que
você tanto gosta? Eu nunca mais o fiz...<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Filho amado, você está dormindo e comendo direitinho? Tem
se agasalhado direito? Disseram-me que aí nessa cidade faz muito frio.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Ah, a Ritinha foi pra capital fazer a tal da faculdade.
Ela é uma boa moça e está te esperando, assim como eu te espero meu filho. Não
demora não. Eu não sei quanto tempo mais eu vou aguentar essa dor que rasga meu
peito e amortece a minha alma.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Que o Padim Padre Cirço te proteja de todo o mal.<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Com todo amor da sua mãe, Martha.</span></span></i></b><o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG19mCEL4y79yQzdnTjoZPm_o5oUiQyFdInz0d23n7M8gc3H7w_HtZFZ55GDvlRuucUE-B8zlm2O9xhH-zM1jsbFP4dUjwhueETf4r0fLcSyJ-edQiJDn2jV-I3wO8bqIO_wqAUMGMtXuD/s1600/A+Partida+-+Missiva001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG19mCEL4y79yQzdnTjoZPm_o5oUiQyFdInz0d23n7M8gc3H7w_HtZFZ55GDvlRuucUE-B8zlm2O9xhH-zM1jsbFP4dUjwhueETf4r0fLcSyJ-edQiJDn2jV-I3wO8bqIO_wqAUMGMtXuD/s320/A+Partida+-+Missiva001.jpg" width="226" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></i></b></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-4963387150677694255.post-7876921286718674002012-04-16T10:32:00.001-07:002012-04-16T14:48:46.330-07:00Tragam o bote salva vidas.<br />
<div class="MsoNormal">
Tragam o bote salva vidas! - junto, com hífen ou separado? - Tanto faz, desde que não esqueçam o bote.
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O domingo tinha sido perfeito. Quente e ensolarado. Lurdinha
estava linda, impecável toda “montada no salto alto”. Ela tinha ido almoçar na
casa da sogra com o seu digníssimo companheiro e seus queridos filhos Pedro
Manuel e João Pedro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Final de tarde, já em casa, desmontada, descabelada, calçada
num par de chinelos, Lurdinha estava prostrada diante da TV com os dedos no
controle remoto perambulando entre os canais em busca de alguma coisa que
pudesse entretê-la. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os filhos tinham saído e o maridão estava na varanda lendo o
caderno de esportes. Já que o seu magnífico e maravilhoso marido estava ocupado destrinchando
o caderno de esportes atrás de notícias sobre futebol, Lurdinha<span style="color: red;"> </span>procurava se entreter com a TV e assim relaxar. Se bem que, cá pra nós, relaxar do que se ela tinha
acabado de chegar de um almoço na casa da sogra? Opss! Eu acho que visitar a
sogra pode ser estressante.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas de repente tudo começou. O céu escureceu e uma chuva imensa
desabou. Simples assim. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Simples assim? Como assim, narrador de desgraças alheias?
Conta essa história direito. Só porque sou personagem, cria sua, vai tratar
minha história assim? Conta logo que o mundo desabou em água, que eu quase
morri afogada ou eletrocutada por um raio! Vai, escreve aí e não omita nenhum
detalhe. </div>
<div class="MsoNormal">
- Quer saber narrador? Não conta nada! Deixa que eu conte
tudo como foi:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Estava eu “di boa” vendo TV quando começou a chover. Então
saí da sala e fui verificar se as janelas dos quartos estavam fechadas. Quando
voltei percebi que não era uma chuva qualquer e sim uma tempestade. O vento uivava
açoitando as plantas com violência. Junto com a água também havia raios,
trovões e granizos. Muitos granizos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Corri para a cozinha pegar velas e fósforos prevendo a
possibilidade da energia acabar. E acabou! Quanto retornei à sala, qual não foi
o meu susto? E não é que a janela da sala se transformou numa enorme cachoeira
e a água já estava entrando debaixo do sofá? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Desesperada eu corri até o banheiro, peguei uma toalha de
banho e tentei estancar a água. De nada adiantou e a água continuava a invadir
a sala. Em segundos me senti no Titanic. Oh céus e agora, o que fazer? Quem
poderia me defender? Oh, claro, meu herói, o maridão lindo, fortão, sarado e
corajoso. Comecei a gritar pelo meu querido, amado, idolatrado, salve, salve marido.</div>
<div class="MsoNormal">
- Socorro, me ajuda! A água está inundando a sala! Se não
vier ajudar vou me afogar. Traga mais toalhas para estancar a água! Hei marido
lindo, fofo, corajoso e surdooooooo. Tem alguém aí? Aí? Aí? </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nada. Nenhuma resposta. Silêncio absoluto. Apenas o eco da
minha voz e o barulho infernal da tempestade. Parecia que iria arrancar o
telhado da casa. Desisti de esperar pelo salvamento do super-herói. Então deixei
a toalha no chão e fui até a cozinha pegar os tapetes para ajudar a estancar a
água que teimava em invadir tudo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi quando resolvi arriscar um olho para ver o que meu amado
e querido marido surdo fazia na varanda que não podia me socorrer na inundação
do Titanic.</div>
<div class="MsoNormal">
Foi aí que percebi que enquanto eu protagonizava o Titanic
na sala o meu lindo estava, pobrezinho, agachado no chão da varanda, parecendo
um pinto molhado, grudado, agarrado na perna do banco, tentando proteger móveis ou com
medo de ser levado pela força do vento... </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu agora? Morro afogada no Titanic ou enfrento o açoite por
toda a sorte de coisas trazidas pelo vento e salvo meu amado? Sem contar com o bombardeio dos
granizos que se acumulavam pelo chão.</div>
<div class="MsoNormal">
Voltei ao Titanic, quer dizer sala, coloquei os tapetes
como barreira para segurar a velocidade da água e fui para a varanda ajudar a salvar o que sobrou.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O vento era tão forte que as paredes da casa estavam
cobertas de vegetação moída trazida pela força do carrasco. Os granizos passavam
pela varanda, de cinco metros de largura, tal qual um jogador de rúgbi desviando-se
de todos os obstáculos, entrava pela janela da cozinha e paravam atrás da
geladeira. Pareciam que todos os granizos eram treinados. Uma mira certeira, precisa.
Pensei: “Daqui a pouco vai passar voando cachorro, vaca, galinha”...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo ficou encharcado e sujo. Nas paredes, destroços de
plantas e no chão uma camada grossa de granizo misturada a tudo o que veio com
o vento. </div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcGyMdY5vLeN1AENMWMNtuQb-8O1fZ7NYqSTzRNPNQ70NNNAoa9Mk3cX2vfwzy6OXcJHpfPSnlwRdeJDO01dJKS3ig5GHsNe_UkVP726rpWFZcnKA5ngn-WhJIwyEWRMuu3gfYdTNJL37V/s1600/GRANIZO.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcGyMdY5vLeN1AENMWMNtuQb-8O1fZ7NYqSTzRNPNQ70NNNAoa9Mk3cX2vfwzy6OXcJHpfPSnlwRdeJDO01dJKS3ig5GHsNe_UkVP726rpWFZcnKA5ngn-WhJIwyEWRMuu3gfYdTNJL37V/s320/GRANIZO.png" width="320" /></a>Quando a tormenta passou, começamos em meio à escuridão,
tentar organizar o que sobrou da varanda e quintal. Foi aí que decidimos olhar na rua para vermos
o tamanho dos estragos. Parecia até um filme de invasão alienígena. Sabe aquela
cena clássica quando aparecem pessoas atônitas vagando pelo meio da rua? Os
vizinhos estavam perplexos com a destruição. Uma tempestade que durou eternos
quinze minutos. Árvores e galhos caídos, plantas moídas, paredes descascadas...
Os vizinhos comentaram que em mais de vinte anos nunca tinham visto tempestade tão
violenta como a que acabara de acontecer. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Aprendeu narrador? É assim que se conta uma história.
Agora pode encerrar a minha aventura.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E a Lurdinha e o seu maridão lindo e fortão descobriram que para a natureza não há lugar seguro quando ela resolve se rebelar. E assim, eles foram dormir à
luz de velas. </div>
<div class="MsoNormal">
E passaram o resto da semana tentando consertar o telhado da
varanda que voou... Afinal a Lurdinha não viu vaca voando, mas telhado viu. Ah!
E como viu.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Atenção: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança é
mera coincidência.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se gostou do texto, por gentileza compartilhe aos amigos. Se não gostou recomende aos inimigos. Só não deixe de recomendar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02825645878353532423noreply@blogger.com4