Curtas


A Marina pode entrar?

Estava preguiçosamente deitada assistindo Cozinha Criativa quando o telefone toca:
- Alô.
- Alô. Aqui é da portaria e a Marina tá perguntando se pode entrar?
- A Marina quer saber se pode entrar? Como assim? De onde está falando?
- Eu sou o porteiro Juvenal e a Marina está aqui com a amiga querendo entrar. Posso deixar?
- Espera... (Mas a Marina tem chave e selo no carro). Marina de quê mesmo?
- Marina Fuentes e sua amiga Natali, senhora. Eu sou aqui da portaria do condomínio.
- Meu senhor, eu não estou esperando visitas e não conheço esta pessoa. Eu acho que está ligando para a casa errada. Qual o nome do dono da casa que essa Marina vai?
- É a casa do Sr. Nilson e da dona Madalena.
- Ah você está ligando para a casa errada. Nesta casa não mora ninguém com esse nome. Será que ela não se enganou de rua e número? Como ligou para a minha casa? Ela deu o número do meu telefone?
- Aqui é da portaria. Da portaria do São Paulo II. Eu to ligando para o número xxxx-4928. Eu sou o porteiro Juvenal do condomínio São Paulo II.
- Moço, o senhor não só errou de telefone, como errou de casa, de rua e de condomínio, porque o senhor está ligando para uma casa que fica em outro condomínio com outra portaria. Eu estou falando a sete quilômetros da sua portaria numa casa, numa rua e num outro condomínio.
- Tu, tu, tu, tu, tu...
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Uma tarde entediante.

Enquanto isso no apartamento 142, Zame, debruçada no balcão suspira fundo: "Hummfy". 
E Bici pergunta: 
"O que foi Zaminha?". 
E Zame com cara de tédio responde: 
"Ah... Tá tudo muito parado Bici. Não acontece nada de novo. E os nossos vizinhos que moram nesse condomínio aí da frente... Tão grande... Cheio de árvores, flores... E eles não fazem nada. Só dormem... O tempo todo... Que povo mais desanimado...". 
E Bici já com o olharzinho de tédio responde:
 "Verdade irmãzinha. Que tédio..." 
E nesse momento Nina entra, surpreendendo as duas na sala, e pergunta: 
- O que os meus amores estão olhando tanto pro cemitério?. 
E as duas assustadas com a presença repentina da Nina vão correndo buscar abrigo no colo do menino Arthur e sua caixa de lápis de colorir. 
E Nina lá da sala comenta: 
- Mas o que aconteceu com essas duas gatas?
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Linda igual a uma galinha.

Carolzinha gostava das visitas de sua avó, pois elas costumavam passear na pracinha que havia perto da sua casa. A chamavam de praça das galinhas. Claro que o nome não era esse, mas era como Carolzinha a chamava, isto porque a praça fazia limite com um galinheiro. E ela gostava de colher folhas das plantas e levar até a cerca de arame para as galinhas bicarem.

Sempre que Carolzinha chegava à praça suas pequenas mãos ficavam repletas de mato e ela corria alegremente para a cerca. As galinhas ficavam alvoroçadas, um verdadeiro frenesi, um corre-corre, prá lá e pra cá. Todas queriam bicar os matinhos das mãos de Carolzinha. E ela gastava um tempo às voltas com o galinheiro enquanto sua avó a esperava pacientemente.
E a pequenina ficava feliz em proporcionar tamanha algazarra às galinhas. Ela amava aquelas penosas de tal maneira que, para ela, uma galinha era a tradução da mais pura e verdadeira beleza.

Certo dia, voltando do galinheiro, a pequena de mãos dadas com sua avó, quis expressar sua gratidão àquela que a levava à praça todas as tardes. 
E então, ela parou, olhou atentamente para sua avó e disse:
- Vovó, eu te acho tão linda, mas tão linda tão linda! Você é linda igual a uma galinha!
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O peixinho... 

E na sala de aula a professora abriu o livro e começou contar a história:
- Era uma vez um pequeno peixinho...
E uma menininha sentadinha na cadeira e que escutava atentamente interrompeu a professora:
- Peixinho? Não, não era um peixinho. Era uma peixinha.
E o seu amigo Pedro que estava sentado mais à frente falou:
- Peixinha? Existe peixinha? Você está inventando.
- Existe sim seu bobo. E essa peixinha é minha amiga. 
E a professora dando corda à conversa perguntou:
- Hã... Você tem um amiguinho que tem um aquário com um peixinho chamado Peixinha?
- Nãaaaao professora. Não é nada disso. A peixinha é que é minha amiga. Quando essa peixinha nada, ela desliza pelas águas como uma bailarina. 
Mais uma vez o Pedro provocou:
- Ah, eu duvido que você tenha uma amiga peixinha.
Tenho sim. E eu vou te apresentar. E ela participa de competição. O nome dela é Luiza e será a peixinha campeã de natação.

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