A Dona Aranha subiu pela parede. Veio a Helo Helena e a derrubou...
Na segunda-feira, meio dormindo, meio acordada fui ao canil cuidar
dos cães quando entro apressadamente e minha cabeça rompe uma enorme teia de
aranha.
Desesperadamente começo a pular (não sei bem o porquê) e
bater minhas mãos sobre a cabeça temendo que alguma aranha pudesse estar sobre
ela. Os “The Super Dogs” me olhavam com carinha de interrogação. Provavelmente
pensaram que eu estava com pulgas.
Olhei para cima e avistei sob o telhado uma aranha tricolor (amarela,
preta e transparente) de aproximadamente uns seis centímetros. Fiquei furiosa.
Como é que a aranha foi tecer uma teia justamente na passagem? Será que ela não
percebe que atrapalha?
Furiosa, peguei uma vassoura e tirei toda a teia enquanto a
aranha observava calmamente tudo lá do alto. Cuidei dos cães, que a esta altura
estavam sentados assistindo a cena hilária e voltei para a minha rotina.
No dia seguinte eu já havia esquecido o episódio da teia e
novamente minha cabeça foi de encontro a ela, e eu imediatamente me lembrei da
aranha (meio tarde pra isso). Novamente eu fiquei pulando e batendo na cabeça.
Uma cena ridícula, pois parecia estar fazendo a dança da chuva. Até os cães,
solidários à minha pessoa, também começaram a pular.
E a aranha? Ah... A aranha estava escondida lá no alto e provavelmente
se divertindo com a minha cena patética. E eu novamente, muito brava, destruí a
teia. Ou parte dela.
Depois, já refeita do susto, fui olhar com mais cuidado e percebi
que ela havia feito a teia para proteger sua prole que estava envolta numa
camada fina de fios presos no telhado. Fiquei arrependida do que fiz. Quase
matei os filhotes da Dona Aranha que só queria cuidar dos pequenos... Meu
sentimento materno aflorou e quase chorei emocionada, ao ver aquelas pequenas e
indefesas criaturinhas que dependiam apenas da sua mãezinha querida.
Então no terceiro dia eu tomei cuidado de tirar apenas o fio
da teia que atrapalhava a passagem, mas sem danificar. E pude observar que os
bebês da aranha já estavam na teia berçário e a Dona Aranha os vigiava como uma
mãe zelosa zela pelo sono de seu filho amado.
E isto se repetiu por toda a semana. Todos os dias eu
desmanchava parte da teia que atrapalhava a passagem, mas sempre de maneira
delicada tomando o cuidado para não assustar a mamãe aranha e seus filhotes.
Ontem tive uma grande surpresa. A Dona Aranha também foi
gentil comigo, pois desta vez ela teceu os fios que seguram e protegem a teia berçário
do lado oposto. A passagem finalmente ficou livre. Foi um acordo silencioso.
Uma atitude de respeito entre duas mães que sabem da importância de se cuidar e
de proteger os filhos.
Bom, ou ela percebeu que eu não queria machucar sua família
e retribuiu a gentileza ou ela se cansou de refazer a teia e a mesma ser
destruída que resolveu mudá-la lugar.
Como hoje estou romântica ( ou tomei muita água de chuva)
prefiro a primeira opção. E como dizem por aí gentileza gera gentileza.
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