Carnaval! Todo dia é tudo igual. Carnaval...
Mais uma vez, carnaval. E como foram nos anos anteriores,
tudo igual. Um evento onde no calendário só aparece marcado como feriado a
terça-feira, mas que na realidade tudo para ou vai mais devagar a partir da
sexta-feira que antecede a terça-feira “gorda” ou a “quarta-feira santa”.
E põe devagar nisso, pois o povo que vai viajar no carnaval já
entra no engarrafamento na porta de casa. Saiu com o carro da garagem, parou.
Viagem que duraria uma hora e meia vira quatro, cinco, seis, até sete horas de
viagem.
Justamente o paulistano, um sujeito cansado de passar boa
parte da vida preso dentro de um veículo em meio a um engarrafamento, não vê a
hora de chegar o carnaval para botar o pé na estrada e fugir... Do
engarrafamento.
E no carro vai pai, mãe, mulher, filhos, noras, genros, netos, cão, gato,
fralda geriátrica e paciência. Muita
paciência, senão é melhor nem sair de casa.
Há muitos e muitos anos, quando minhas moças ainda eram
apenas menininhas loirinhas de olhinhos azuis, decidimos passar os quatro dias
do carnaval no litoral, num clube em Caraguatatuba.
Já sabendo que o trânsito seria intenso combinamos sair na
sexta-feira entre quinze e dezesseis horas. Malas prontas, sacolas com
brinquedos, biscoitos, frutas e sucos arrumados, colocamos tudo no carro,
inclusive as filhas. Partimos. Entramos na marginal Tietê às dezesseis horas e
por volta das dezenove e trinta estávamos saindo dela para entrar na rodovia
dos Trabalhadores (agora chamada de Ayrton Senna). Três horas e meia de
marginal.
Uma paradinha rápida - Para quem não é de São Paulo, as marginais são vias rápidas utilizadas
por quem precisa acessar as principais rodovias ou chegar mais rapidamente nas
zonas norte, sul, leste e oeste. Via rápida quando não chove (e não inunda), não é véspera de
feriado prolongado, e não é a hora em que o povo está indo ou saindo do
trabalho. Diz a lenda que esse trecho, sem trânsito, se percorre em vinte ou trinta minutos.
Continuando a viagem - Quando pegamos a estrada respirei aliviada e
pensei “Agora vai. Vamos jantar num
restaurante na praia. Oba!”. Será?
Começamos a descida da serra. Quando estávamos naquele
trecho onde não há nada à direita nem à esquerda, exceto mato, despenhadeiro e
escuridão, tudo parou.
A princípio pensamos que tivesse acontecido um acidente. As
pessoas foram desligando seus carros, abrindo as portas e caminhando para
tentar descobrir o que havia acontecido. Alguns já começavam a festa de carnaval ali mesmo.
Colocavam músicas carnavalescas no último volume, abriam e tomavam cervejas e dançavam em volta dos carros
enquanto jogavam charme para quem quisesse.
Foi aí que também saímos do carro para saber o motivo
de tudo estar parado. Então descobrimos que os carros não andavam na rodovia
porque ela estava travada. Ninguém subia ninguém descia.
Aconteceu o óbvio. Os
apressados e egoístas de plantão começaram a descer pelo acostamento e não
satisfeitos também usaram a contramão. A
certa altura quem pegou a contramão deu de cara com carros subindo e tudo
travou.
Foi preciso a polícia rodoviária chegar para colocar ordem
no trânsito. E já passava da uma da
manhã. Ainda bem que eu havia reforçado a sacola de lanches das crianças. Finalmente pudemos chegar ao destino quase
duas horas da manhã, exaustos, famintos, irritados e com uma vontade enorme de
fazer xixi.
Foi a última vez que estivemos nesse clube de praia.
Vendemos o título.
Certo carnaval a família decidiu ir para Florianópolis. Então alugamos um apartamento no centrinho da
Praia dos Ingleses bem no burburinho.
Como dizem por aí “Só que não!” Já passava das nove da manhã
e ainda estávamos a poucos quilômetros de casa. Acho que foi a viagem de mais torturante
dos últimos tempos, pois levamos quinze horas para percorrer 720 km. E lá não foi diferente, para qualquer lugar que
se tentasse havia congestionamento. Trocamos
seis por meia dúzia.
Não é que eu fiquei fresca, mas viajar no período do
carnaval só se for de avião.
Ou então, como diz aquela canção “O melhor lugar do mundo é
aqui. E agora.”, porque São Paulo fica absolutamente livre, vazia, inteirinha
ao seu dispor. E você pode ir aos lugares sem congestionamentos nem filas de
espera, podendo explorar e apreciar as belezas escondidas da cidade.
E você? Como gosta do seu carnaval?
sampa no feriadão, é praticamente o sonho de uma paulista como eu. fica tudo disponível como sempre, mas, embora, todavia e contudo, praticável.gente de menos.fiz uma viagem num carnaval que depois de 1 hora prá acessar a marginal, resolvemos voltar prá casa. e sair de novo na madruga. opa! tudo certo. até chegar na praia hiperlotada, chuva forte, toalhas úmidas e 2 pré adolescentes usando todas as roupas da mala. e com fome o tempo todo. affe... nunca mais!
ResponderExcluirComo dizem por aí Anna "Sair de São Paulo e encarar uma estrada no feriadão de carnaval? Só para os fortes!" - Que dureza.
ExcluirEste ano eu estava tão animado com o carnaval que fui para Brasília...rsrsrs.... mas foi monótono demais. Fui de Goiânia para lá em 2 horas, sem engarrafamento na saída, nem na estrada, nem na chegada. Sem emoção...rsrsrs
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