A enfermeira e a “Mulher dos Gatos”.
Havia uma enfermeira que morava numa rua sem saída. Vestida em um uniforme impecavelmente limpo, branco
como seu sorriso largo, ela saía todos os dias de madrugada para trabalhar num grande hospital.
Havia uma mulher que morava numa outra rua, que não era sem
saída, mas bem próxima desta. Todos a conheciam como a “Mulher dos Gatos”.

A imaginação da
criançada na rua sem saída e vizinhança
fervilhava. Os menores tinham medo da “Mulher dos Gatos”, pois sempre que
desobedeciam à suas mães elas diziam: - Se fizer isso de novo eu vou pedir pra “Mulher
dos Gatos” te levar. As pobres crianças estavam sempre correndo perigo. Ou era a "Mulher dos Gatos" ou o "Homem do Saco" ou o famoso "chinelo na bunda". As mães sabiam mesmo usar a tal "psicologia infantil".
Já entre a criançada mais velha circulava a lenda de que a
“Mulher dos Gatos” andava sem calcinhas. Será?
Quando a “Mulher dos
Gatos” circulava pelas ruas do bairro a meninada alvoroçada espichava os olhos para
ver se ela realmente estava sem calcinhas. Só que tinham tanto medo da velha
senhora que ficavam de longe a espiar e cochichar.
Certo dia, a enfermeira de sorriso largo estava em sua casa
a descansar quando bateram à porta. Era alguém que viera pedir ajuda para um
doente. A enfermeira rapidamente pegou seus apetrechos de enfermagem e foi ter
com o doente.
Quando a enfermeira chegou ao portão da casa foi recebida
por dezenas de gatos que miavam em coro. Havia gatos de todos os tamanhos e
cores, filhotes, adultos e velhos. Gatos
no muro. Gatos no telhado. Eram gatos
para todos os lados. A enfermeira caminhava com cuidado, olhando para o chão
temendo pisar em algum felino.
Ao entrar na casa a enfermeira de sorriso largo encontrou a “Mulher
dos Gatos” ardendo em febre. Na cama com
a mulher havia gatos de todos os tamanhos e cores, espichados e encolhidos,
pelos longos e pelos curtos. Eles estavam sentados, deitados em cadeiras, sofás, janelas, mesas, armários,
pendurados em lustres, escondidos em caixas e latas. Todos os espaços eram ocupados por gatos.
A enfermeira de sorriso largo gentilmente cuidou da “Mulher dos Gatos”,
por muitos dias, com paciência e carinho, até ela ficar boa e se levantar da
cama para cuidar dos felinos.
A gentil senhora amava os animais e dedicou a sua vida a alimentar gatinhos abandonados. Era uma mulher caridosa que abrigava animais que ninguém mais queria.
Certo dia, a enfermeira de sorriso largo estava em sua casa
a descansar quando bateram à sua porta. Era a “Mulher dos Gatos”. E trazia em suas mãos uma enorme e cheirosa
torta. Foi o modo que encontrou de agradecer o carinho e dedicação da enfermeira.
A enfermeira de sorriso largo, um pouco constrangida,
aceitou a torta. E a “Mulher dos Gatos” foi embora feliz enquanto a enfermeira
olhava para aquela enorme torta em suas mãos.
Então, a enfermeira criou coragem e resolveu experimentar a
enorme e cheirosa torta. E ao cortar uma generosa fatia da torta, ela viu pelos
de gatos, longos e curtos e de todas as cores no recheio da torta. Só faltou a torta miar. E você? Quer
um pedacinho de torta da “Mulher dos Gatos”?
Saiba você que esta história é pura ficção e qualquer
coincidência é mera semelhança. Ou qualquer semelhança é mera coincidência?
Um agradecimento especial à Amélia (Zame), Berenice (Bici do nariz vermelho) e Côco (nariz rosa) que gentilmente cederam suas imagens para ilustrar meu texto. Obrigada gatinhas.
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