De que cor é a alma? - Parte 2

De que cor é a alma? 

                  Ela é redonda ou quadrada?

Banheiro: Usos e Costumes. 

           Nem sempre é tão fácil quanto parece.



Quanto tempo eu iria ficar lá? Qual a minha experiência no assunto? Porque eu? Sinceramente? Essas eram perguntas que martelavam minha mente e eu tinha medo das respostas.

Minha irmã foi logo dizendo:
- Vamos entrar, pois você deve estar cansada e precisa tomar um banho. Venha colocar sua bagagem aqui. Olha só. Eu já comprei algumas roupas para você. Toma um banho, escolhe para vestir uma dessas peças que estão na gaveta. Depois eu te ajudo a arrumar suas coisas no armário. Você vai ficar no quarto da minha “filhota”. Assim uma faz companhia à outra.

Olhei para a gaveta, puxei-a cuidadosamente e observei que ela estava recheada de roupas novas. Qual mulher ou menina não gosta de roupa nova? Escolhi um par de shorts vermelho com elástico na cintura e uma aplicação colorida na barra. Minha irmã sugeriu uma camiseta azul para combinar.

Então ela me conduziu até ao banheiro. Eu levei um susto. Eu morava em São Paulo há quase sete anos, e já não lembrava mais de como eram alguns banheiros no interior da região sul.

Eu esperava algo como um cômodo com paredes e piso azulejados, vaso sanitário, uma pia com água corrente e um Box com chuveiro. E o que encontrei foi um cômodo pequeno com paredes de madeira, piso de cimento liso e com chuveiro de campanha, ou chuveiro de balde, como alguns costumam chamar.

Então minha irmã perguntou:
- Sabe como usar esse chuveiro?
Eu balancei a cabeça negativamente e ela então continuou:
- Tá vendo aquela cordinha ali do lado? Pra sair água você precisa puxar ela. Pra parar é só soltar a cordinha. Primeiro você puxa, deixa a água molhar o corpo, depois você solta a cordinha, se ensaboa e aí puxa novamente a cordinha para se enxaguar. Cuidado para não se molhar demais antes de ensaboar porque pode faltar água para o enxague. E se demorar muito a água pode esfriar e acabará o banho com água fria.

De repente perdi a vontade de tomar banho, mas depois lembrei que eu não estava fazendo uma visita. Eu havia vindo para ficar. Portanto, eu precisava encarar aquele chuveiro. Afinal seria nele que eu tomaria meus banhos por algum tempo. Por quanto tempo? Eu me perguntava...

Vencido o desafio de aprender a usar e controlar a água do chuveiro, eu já estava pronta para o outro desafio que era descobrir onde ficava o vaso sanitário da casa.
Com a voz baixa e trêmula de vergonha, perguntei onde ficava o banheiro, e para minha surpresa minha irmã apontou para o quintal aonde se avistava uma casinha de madeira. Era o mictório. Mic para os íntimos.

Temerosa, caminhei até a casinha (ou mic). Abri a porta. Ela era toda de madeira, inclusive o piso. No centro dele havia um buraco escuro (era uma fossa)... Um desespero bateu no meu peito. Um medo avassalador invadiu o meu corpo. Percebi que não existia vaso sanitário, nem um botão para apertar e dar a descarga. Descobri que cada vez que precisasse fazer o "número um" ou o "número dois" precisaria enfrentar o meu medo de cair dentro do buraco negro, e entrar naquela casinha construída sobre a fossa.

Muitas mulheres (e eu me incluo entre elas) têm dificuldades de irem ao banheiro fora de suas casas (quando viajam, no trabalho). Acredito que no meu caso, especificamente, foi neste dia que meu intestino se rebelou e declarou guerra.

Cada vez que eu sentia vontade de ir ao banheiro, imediatamente a minha imagem caindo no buraco negro vinha à minha mente e a vontade dissipava como uma nuvem passageira.

Por muito tempo eu sonhei que entrava na casinha e ao pisar no chão de tábuas ele se abria e eu caía na mer...


Se você pensa que as surpresas terminaram por aqui não perca o post da próxima semana.

To be continued

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